segunda-feira, 10 de setembro de 2007
O MAL-ENTENDIDO
Algumas pessoas críticas ainda não entendem por que a Rua dos Poetas fará referência a Carlos Humberto Aquino Frota e a Caio de Abreu, uma vez que esses dois escritores não eram poetas. O Frotinha escreveu em Cemitério de chumbo: Quando chegar a minha vez, contarei ao amigo Pozo o mal que ele fez ao público, estimulando um guri, que filava sorvetes em seu bar, com a oportunidade de ver impressas suas primeiras espiroquetagens em prosa (em verso, nunca!). Caio escreveu alguns poemas, pouco conhecidos dos leitores. As peças que produziu para o Teatro, da mesma forma, não o fariam um dos expoentes da literatura brasileira. Foi contista por excelência. Lendo o post que fiz abaixo, Autores santiaguenses, meu amigo Júlio Prates teceu o seguinte comentário: Permito-me discordar do amigo e sugiro que peças a opinião abalizada do Oracy sobre o que vou afirmar: Caio Abreu não suportava poesia e destestava poetas; ademais, não fazia questão de esconder sua posição. Por tudo, não concordo com sua afirmação, qualificando Caio como poeta. ABS. JULIO PRATES. No post anterior ao comentado pelo Júlio, Antologia dos Poetas (título hiponímico), inicio com a seguinte frase: A antologia dos poetas, cronistas e contistas homenageados na Rua dos Poetas já está quase pronta para ser enviada à editora. Poderia ter acrescentado, romancista, ensaísta, conferencista etc. Acima, escrevo "os autores homenageados". E concluo: Caio Abreu ainda não recebeu todas as homenagens que merece, em vista de seu destaque na literatura nacional, pós-moderna. No terceiro post, transcrevo a biografia do Caio que sairá na Antologia 1. Em nenhum momento cometo a imprudência de escrever que o Caio é poeta, justamente para evitar mal-entendidos. Não preciso da opinião (os gregos distinguiam opinião de conhecimento) do Oracy. No livro O ovo apunhalado, o Caio cita como epígrafe de um capítulo um belo poema de um louco anônimo, já postado por mim neste blog no dia 27 de agosto (é só conferir). No conto Harriett, o autor cita um verso de Duda Machado (poeta e compositor): No fundo do peito, esse fruto apodrecendo a cada dentada. No conto que dá título ao livro, O ovo apunhalado, Caio faz um recorte de Imagine de John Lennon. Pura poesia. Outros poetas citados por Caio: Hilda Hilst, Allen Ginsberg, Sylvia Plath, Malcolm Lowry, García Lorca, Fernando Pessoa, Henrique do Valle, Cecília Meirelles, Walt Whitman, entre outros. Será que podemos dizer que Caio detestava poesia e poetas? O autor não cometeria tamanha contradição. Ele escreveu poemas. Muitos de seus contos são poesia em prosa (dependendo da leitura de quem os lê). Exemplos: Nos poços, Oásis, Uma veste provavelmente azul, Para uma avenca partindo, Cavalo branco no escuro, Noções de Irene, O ovo apunhalado... Mas é necessário conhecer literatura para dizer que os textos do Caio possibilitam uma leitura poética. Na Terra dos Poetas, na Rua dos Poetas, o Caio será homenageado como escritor, pelo seu nome no contexto literário nacional, pela sua obra.
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Um comentário:
Você padece do terrível mal de ser mecanicista. O fato de ele citar alguns excertos poéticos, coisa que até eu faço, não quer dizer - necessariamente - que ele gostasse de poesias. E não sofismes usando o guarda-chuva amplo do ser poético-literário, afinal trata-se de uma flexibilização que ultrapassa às raias do real. Fantasia por fantasia, podes atribuir ao Caio à condição de poeta, mas devias consultar Oracy (e por isso sugeri) em face da amizade e da intimidade entre ambas, pois Caio abriu para ele sua aversão à poesia e o Oracy me relatou isso. Jamais faria a sugestão em indução ao fato de ele terlido a obra e vc - supostamente - não. Posso não ser poeta, mas não sou estúpido. Agora, você afirmou que Caio era poeta, eu li isso.
Abraços meu caro amigo, se todos os poetas fossem como vc e como o Oracy eu até leria poesias, pois leio-os, mas não suporto 95% dos empilhadores de palavras, construtores de rimas forçadas e espelidores do nauseante aroto do psitacisismo parafraseador. ABS
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