sexta-feira, 21 de setembro de 2007

CRÍTICA DA RAZÃO TUPINIQUIM

Roberto Gomes é um escritor brasileiro, com vários romances publicados, livros de contos e crônicas. Sua primeira obra, no entanto, foi Crítica da Razão Tupiniquim (1977), que versa sobre a Filosofia no Brasil. Um livro que conquista o leitor, extraordinário. Fechando com o que Olavo de Carvalho denuncia em seu estilo hiperbólico, Roberto Gomes escreve: "[...] Mergulhado num escafandro greco-romano - embora não seja nem grego nem romano -, o brasileiro foge de sua identidade. Tem sido na Filosofia que o espírito humano tem buscado sua auto-revelação. Porém, autocomplacente e conformista, sujeito sério, o brasileiro ainda não produziu Filosofia. Assim, é necessário advertir que um pensamento brasileiro jamais esteve lá onde tem sido procurado: teses universitárias, cursos de graduação e pós-graduação, revistas especializadas - e logo se verá por quê. [...] Além do palavrório aridamente técnico e estéril, das idéias gerais, das teses que antecipadamente sabemos como vão concluir, das idéias bem pensantes, nada encontramos que possa denunciar a presença de um pensamento brasileiro entre nossos 'filósofos oficiais', vítimas de um discurso que não pensa, delira. [...] Um pensamento brasileiro deverá brotar de uma realidade brasileira [...]. Deve inventar seus temas, ritmo, linguagem. [...] Obras como as de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Machado de Assis, Lima Barreto, Sérgio Buarque de Holanda, Chico Buarque, além daquilo que se tem feito no campo das ciências humanas nos últimos anos, têm mais a nos dizer do que as maçantes teses universitárias nas quais a Filosofia se mascara no Brasil".
Os nossos filósofos são meros interpretadores de Kant, Hegel, Marx, Gramsci, Husserl, Wittgenstein, Heidegger... Quanto mais obscuro, melhor. Por isso, a preferência pelos dois últimos. Um artigo de José Oscar de Almeida Marques (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas), sobre o Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein, não passa de tautologia, blablablá que não acaba mais para dizer e não diz sobre a essência da proposição. Na relação elaborada por Roberto Gomes dos expoentes da nossa Literatura que dizem muito através de suas obras, eu acrescentaria outros poetas: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Carlos Nejar...