quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O FIM DA HUMANIDADE

 


Ao cabo de uma jornada de trinta anos de viagem espacial, alienígenas chegam à Terra, o planeta com vida no sistema solar. Para a sorte dos visitantes, encontram apenas vestígios recentes da espécie humana. Certamente, os homens se oporiam a uma civilização mais inteligente, cujo objetivo da viagem é de colonizar o planeta.

         Caso ainda sobrevivessem, os homens se surpreenderiam três vezes com essa “invasão”: os alienígenas são criaturas bastante distintas das imagens criadas na Terra para representá-los fisicamente; eles já alcançaram o nível 2 da Escala de Kardashev*, mais inteligentes; e não são agressivos, malgrado o objetivo colonizador. Tais características impactariam contra o preconceito antropocêntrico.

          Depois de uma exploração rápida nos lugares demarcados pelas ruínas, os alienígenas concluem as causas da extinção humana: pandemias sucessivas e uma guerra nuclear. As máscaras formam montanhas nos lixões (não eliminados pelo fogo) e cobrem a superfície de lagos, mares e oceanos. A radioatividade ainda está presente no ar e nas coisas sólidas. Os exploradores deduzem a partir de todos os sinais preservados, que a pandemia causou a guerra, e as duas somadas precipitaram o fim da humanidade.

         Décadas antes do presente, em que os alienígenas chegam à Terra, um pensador humilde imaginou os atores deste cenário escatológico: a China desenvolveria um micro-organismo dez vezes mais letal que o Coronavírus; os Estados Unidos, com as provas dessa criação, atacariam os laboratórios chineses. A guerra entre as duas superpotências seria deflagrada instantânea e devastadoramente, o que significa dizer a morte de bilhões de pessoas. Outros bilhões morreriam antes, atingidos pela pandemia. Os bilhões restantes sofreriam o ataque de ambos os males.

         Quando esse catastrofista escreveu sobre o futuro, alguns dos leitores o ignoraram simplesmente. Toda distopia repugna os espíritos otimistas, não importa se ela vem seguida de uma utopia: a da chegada dos alienígenas para povoar a Terra com uma nova civilização.

* Nicolai Kardashev, astrofísico russo, calculou (em 1964) que as civilizações se dividem em três tipos, segundo a quantidade total de energia à disposição.

            Tipo I – civilização capaz de aproveitar a energia total de seu planeta;           

            Tipo II – civilização capaz de aproveitar o total de energia de uma estrela;

            Tipo III – civilização capaz de aproveitar a energia de uma galáxia inteira.

            A civilização humana estaria próxima de 0,7.

            Outros tipos foram acrescentados à Escala de Kardashev.