quarta-feira, 28 de setembro de 2022

MEIO TERMO

Ante a dúvida se vivemos no melhor dos mundos possíveis, os contemporâneos percebem um meio termo entre Leibniz e Voltaire, ou seja, nem o melhor dos mundos possíveis nem o pior. Os mal-estares destes dias denegam o excesso de otimismo; por outro lado, as conquistas da civilização (especialmente do lado ocidental) depõem contra o pessimismo. A degradação ambiental, as doenças (do corpo e da alma), as guerras e a fome são apenas alguns dos fatores que tornam o mundo uma distopia, um lugar de vida não prazerosa. A propósito das guerras, ainda estamos muito próximos do século XX, o mais belicoso de todos os tempos (levando-se em conta o poder de matar massivamente). O conflito Rússia versus Ucrânia ainda remonta à belicosidade que caracterizou a relação de poder entre estados nacionais. Charles Taylor, filósofo canadense, aponta três mal-estares da atualidade, todos relacionados ao indivíduo, sem a amplitude acima referenciada: o individualismo, a primazia da razão instrumental e a restrição de escolhas. Em poucas palavras, o centrar-se em si mesmo, a desconsideração do outro e a perda de liberdade. Não obstante apostar no ideal da autenticidade, o pensador destaca esses problemas (a serem resolvidos exatamente pelo indivíduo que exacerba em suas idiossincrasias). Não há resolução para o paradoxo entre o melhor e o pior dos mundos possíveis. Os extremos são inevitáveis (e até necessários), mais ou menos equidistantes da mediania. A realidade é o que é, independentemente da ação humana, sempre alternante entre bem e mal.