A grande questão é saber o quanto a tradução para o português altera o texto original, escrito em alemão, por exemplo. Na poesia, por seus próprios elementos internos, como o ritmo dado pelo som das palavras, deduzo que a alteração é devastadora, criando um novo texto. A prosa também é alterada, um pouco menos, mas é. Duvido que um tradutor alemão, por mais conhecedor da língua portuguesa, consiga preservar a beleza rítmica da primeira página de Iracema, de José de Alencar. As palavras e as estruturas sintáticas serão outras. As metáforas não farão sentido. O inverso é também verdadeiro. Não há solução para esse problema. Por mais que eu aprenda o alemão, nunca saberei tanto quanto aquele que traduz do alemão. Para não perder nada de um poema de Goethe, por exemplo, eu teria que ler em alemão, compreender em alemão, contemplar em alemão, sem o auxília da minha língua materna (o português). Não há outra alternativa senão confiar no tradutor, sabendo de antemão que perdemos um pouco do texto original.
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