terça-feira, 31 de março de 2015

FRONTEIRAS DO PENSAMENTO


Este ano o programa para o ciclo de palestras do Fronteiras do Pensamento está dos melhores. Virão a Porto Alegre RICHARD DAWKINS (evolucionista); JIMMY WALES (criador do Wikipédia); JOHN GRAY (filósofo); VALTER HUGO MÃE (escritor); SASKIA SASSEN (socióloga); SUZANA HERCULANO-HOUZEL (neurocientista); FERNANDO SAVATER (filósofo): JANETE SADIK-KHAN (cientista política). 
Dia 25 de maio, no Teatro Araújo Viana, o ciclo será aberto com Richard Dawkins, que eu gostaria de conhecê-lo. Mas não é vendido ingresso separado, apenas o pacote para todas as palestras (R$ 1.424,00). 
Livros que já li de Dawkins: O GENE EGOÍSTA, O RIO QUE SAÍA DO ÉDEN, O RELOJOEIRO CEGO, DEUS UM DELÍRIO, A GRANDE HISTÓRIA DA EVOLUÇÃO, A ESCALADA DO MONTE IMPROVÁVEL e O CAPELÃO DO DIABO.

segunda-feira, 30 de março de 2015

O QUE É A FÉ?


O Fantástico fez uma reportagem com as pessoas que, por algum motivo, deixaram de viajar no dia e hora marcados e escaparam de morrer num acidente aéreo. 
O entrevistado responde que só pode ter sido Deus que o livrou de entrar no avião. Como se atrasara para chegar ao aeroporto, o próximo da fila de espera foi chamado. 
A pergunta é óbvia: esse que não viajaria e, na última hora viajou, também foi por interferência de Deus? Não apenas o viajante substituto, mas todos os que morreram no acidente?

sábado, 28 de março de 2015

CRÔNICA SANTIAGUENSE



Do apartamento 201, Edifício Dom Manuel, vejo a primeira claridade do sábado destacar o quadro da janela que me acorda para mais um dia. 
As luzes da rua se apagam no exato momento em que a agência bancária se ilumina internamente. 
O ruído dos automóveis quase que desaparece, permitindo-me ouvir o canto de alguns pássaros (lá fora) e o bater do coração (aqui dentro). 
Nenhum resíduo de vozes humanas. 
Ao abrir as cortinas, constato que os notívagos já foram para casa. Suas presenças, todavia, continuam demarcadas pela esteira de garrafas vazias sobre a calçada. Um filete de cerveja parece fluir junto ao meio-fio, ligando duas lojas de conveniência. 
Uma das impressões fenomênicas suscitadas pelo cenário, leva-me a comparar esses notívagos aos vampiros (seres popularizados pela mítica cinematográfica que fogem da luz solar). 
A aparente vantagem de consumirem álcool, ao invés de sangue, acaba se constituindo num terror verdadeiro, porque real: a juventude sendo consumida pela droga. 
Mais tarde, aqueles que já não serão jovens acordarão para a vida – como o faço nesta manhã de sábado.

sexta-feira, 27 de março de 2015

NOVO MINISTRO DA EDUCAÇÃO

Gostei muito da escolha de Renato Janine Ribeiro para o novo Ministro da Educação. Dilma, ainda que tardiamente, parece se desvencilhar da nefasta influência de Lula (e do próprio partido). 
Renato Janine é filósofo e professor de Ética e Filosofia Política. 
Tenho lido seus artigos na revista Filosofia. 
O Brasil está longe de se assemelhar à república ideal de Platão, mas um filósofo está no governo, pelo menos na pasta da Educação (uma das mais importantes).
A educação traz implícita a ética - num conceito que excede à mera instrução. O momento está a nos exigir que pensemos, que analisemos a conduta, o comportamento do homo brasiliensis.  

quinta-feira, 26 de março de 2015

DICAS PARA A COZINHA

As dicas seguintes não se encontram nos livros de culinária. Algumas delas me foram passadas por pessoas que também lidam na cozinha, outras se baseiam na própria experiência.
1)     Sequência para temperar a salada verde:
- escolher as folhas, tirar os talos mais grossos;
- lavar;
- sal a gosto (que deve ser colocado com os dedos bem secos);
- vinagre ou limão (líquido que desintegra as partícula sólidas do sal);
- azeite de oliva extravirgem.
Observações:
- Antes do azeite, escorrer rapidamente o excesso de vinagre (muitos rejeitam a salada por motivo desse tempero acumulado no fundo da vasilha);
- O azeite de oliva deve ser comprovadamente extravirgem, cujas melhores marcas são Olivas do Sul, Carrefour, Qualitá, Andorinha, Cocinero e Vila Flor. Outras marcas que circulam no mercado foram reprovadas recentemente por avaliação da PROTESTE)

2)     Salada de pepino é feita apenas com a parte interna, onde se fixam as sementes. Basta cortar as duas pontas do pepino, colocá-lo em pé e seccionar verticalmente toda a polpa embranquiçada. Em seguida cortar em rodelas e temperar com sal e azeite de oliva extravirgem.

3)     O alho é um dos temperos indispensáveis para a confecção dos alimentos mais saborosos. Hoje ele é vendido em todas as formas, inclusive misturado a ervas finas. Nada o substitui em sua caracterização in natura. Algumas pessoas, demasiadamente “sensíveis”, não gostam do alho pelo cheiro que fica nas mãos. Dica para eliminar esse cheiro: colocar a faca com que se beneficiou o tempero sob a torneira e lavar as mãos na água que escorre da faca. Ainda que pareça meio sobrenatural, cumpre o objetivo.

4)     Para deixar suas panelas de alumínio e de ferro branco (minhas preferidas), usar sabão em pasta URCA, acondicionado em pote semelhante ao da margarina. O sabão é biodegradável.

5)     Para coletar o lixo orgânico (cascas, restos de comida etc.), dispor de uma lixeirinha com pedal ao lado da pia.

6)     Passos para lavar a louça (de uma forma ecologicamente correta):
- molhar todas as peças dentro da pia;
- desligar a torneira;
- esfregar cada peça suja com esponja e detergente (biodegradável);
- enxaguar cada peça;
- desligar a torneira;
- colocar a peça no escorregador com a boca ou parte côncava para baixo.

quarta-feira, 25 de março de 2015

FÉ - ALIMENTO DOS DEUSES

O que é a fé? Houaiss assim define em seu Grande Dicionário: “confiança absoluta (em alguém ou em algo)”. Confiança é sinônimo de crença. Etimologicamente, a palavra se origina do grego “pistia” (acreditar) e do latim “fides” (ser fiel).
Você concorda com a definição de Houaiss?
Sim? Não?
Ao considerar a afirmação, a próxima pergunta é óbvia: em quem ou em que a fé está direcionada.
Os objetos de fé perfazem uma relação tão extensa quanto o número de coisas e seres existentes (ou imaginados).
Para abreviar a inquirição, você concorda que Deus encima essa relação?
O sim é condição para seguir em frente.
Tribos, povos, civilizações se constituíram historicamente em torno da crença num deus ou deuses.
Disso não há negação.
Sobre a fé ainda. Há diferença entre a fé de alguém que viveu há mais de três mil anos e a fé de outro nosso contemporâneo? Há diferença entre a fé de Aquenáton, o primeiro homem a crer num deus único, e a do papa Francisco (também crente num deus único)?
O deus de Aquenáton era Aton, também chamado de Deus – uma vez que era único. O deus de Francisco é Jeová, que os evangelizadores cristãos passaram a chamar de Deus – pelo mesmo motivo anterior.
Aton era um deus diferente de Jeová (deixando de existir com o fim da civilização egípcia)?
Ou Aton e Jeová são nomes para designar o mesmo deus (que estaria muito acima de cada cultura)?
Você compreende a verdadeira extensão desses questionamentos?
O primeiro, se afirmativo, pressupõe que Jeová também terá o mesmo destino de Aton com o fim do Cristianismo.
O segundo, se afirmativo, fica demonstrado que Deus, ou não passa de uma representação, ou é inominável.
Na época de Aquenáton, quem teria coragem de sustentar a não existência de Aton? Isso era inconcebível diante do representante divino na Terra: o próprio Faraó.
Tal manifestação de ateísmo, todavia, seria atemporalmente verdadeira: Aton não passava de uma representação para a crença dos egípcios no tempo de Aquenáton.
Na Idade Média, o ateu que sustentasse a não existência de Jeová era queimado em praça pública (pelos representantes do deus cristão). Hoje o ateu não corre o risco da execução, mas continua discriminado pela sociedade a que pertence.
Há muito me questiono: o papa realmente acredita no deus bíblico?
Futuramente, alguém constatará que esse deus constituiu um dos grandes mitos orientadores de uma religião que dominou a civilização ocidental.
Teólogos e (alguns) filósofos tentaram provar a existência de deus com argumentos pretensamente lógicos. Santo Anselmo é um dos mais conhecidos nesse mister. A maioria dos filósofos e (alguns) cientistas tentam provar a não existência de deus da mesma forma, por intermédio de argumentos racionais.
Por que não partir da experiência? Quantos deuses já foram  motivo de fé? Deuses que eram considerados existentes por aqueles que o cultuavam: Osíris, Amon, Zeus, P’an Ku, Odin, Tupã, ad nauseam. Todos eles desapareceram, foram desmitificados.
Por que apenas Brama, Jeová, Alá, entre outros, são deuses vivos?
A fé os alimenta.

terça-feira, 24 de março de 2015

EXCERTOS DE BAUMAN

Destaco abaixo alguns excertos da Introdução de Vida líquida, de Zygmunt Bauman:
"A vida líquida é uma vida de consumo"
"O lixo é o principal e comprovadamente o mais abundante produto da sociedade líquido-moderna de consumo. Entre as indústrias da sociedade de consumo, a de produção de lixo é a mais sólida e imune a crises. Isso faz da remoção do lixo um dos dois principais desafios que a vida líquida precisa enfrentar e resolver. O outro é a ameaça de ser jogado no lixo"
"Consumidores e objetos de consumo são polos conceituais de um continuum ao longo do qual todos os membros da sociedade de consumidores se situam e se movem de um lado para outro diariamente"
"O advento da sociedade líquido-moderna significou a morte das principais utopias sociais e, de modo mais geral, da ideia de 'boa sociedade'"

domingo, 22 de março de 2015

SEXUALIDADE PLÁSTICA

No capítulo Sobre a redistribuição pós-moderna do sexo: a História da sexualidade, de Foucault, revisitada, Bauman escreve acerca de uma transformação dos nossos dias: "O desemaranhamento do sexo do denso tecido de direitos adquiridos e deveres assumidos. Nada retém melhor esse aspecto do que os conceitos de "sexualidade plástica", "mero relacionamento" e "amor confluente", todos cunhados por Antony Giddens. Nada resulta do encontro sexual, salvo o próprio sexo e as sensações que acompanham o encontro; o sexo, pode-se dizer, saiu da casa familiar para a rua, onde apenas os transeuntes acidentais encontram quem - enquanto encontram - sabe que mais cedo ou mais tarde (antes mais cedo do que mais tarde) seus caminhos são obrigados a se separar novamente. Como Henk Kleijer e Ger Tillekens resumiram a nova situação, 'as práticas sexuais não unidas pelo dever, mas pelo prazer, são exportadas para o domínio entre a casa e o local de trabalho'. Somos tentados a tomar por hipótese que testemunhamos o DIVÓRCIO ENTRE SEXO E FAMÍLIA, semelhante ao divórcio entre família e o negócio, detectado por Max Weber como um dos principais processos constitutivos do início da modernização".

sexta-feira, 20 de março de 2015

BAUMAN: UM ESTOURO




Zygmunt Bauman é um estouro como pensador da pós-modernidade (hipermodernidade, para Giles Lipovetski, consequência sociológica inevitável da modernidade, para o próprio Bauman, que ele prefere chamar de "líquida").
Hoje estou lendo O mal-estar da pós-modernidade (página 114). Eis uma prova: "No jogo da vida dos homens e mulheres pós-modernos, as regras do jogo não param de mudar no curso da disputa. [...] A determinação de viver um dia de cada vez, e de retratar a vida diária como uma sucessão de emergências, se tornaram os princípios normativos de toda estratégia de vida racional. Manter o jogo curto significa tomar cuidado com os compromissos a longo prazo. Recusar-se a 'se fixar' de uma forma ou de outra. Não se prender a um lugar, por mais agradável que a escala presente possa parecer. Não ligar a vida a uma vocação apenas. Não jurar coerência e lealdade a nada ou a ninguém. Não controlar o futuro, mas se recusar a empenhá-lo: tomar cuidado para que as consequências do jogo não sobrevivam ao próprio jogo e para renunciar à responsabilidade pelo que produzam tais consequências. Proibir o passado de se relacionar com o presente. Em suma, cortar o presente nas duas extremidades, separar o presente da história. [...] Aplanar o fluxo do tempo num presente contínuo. [...] O eixo da estratégia de vida pós-moderna não é fazer a identidade deter-se - mas evitar que se fixe. A figura do turista é a epítome dessa evitação".
Interessante o que ele escreve sobre o turista (eu já havia pensado algo semelhante): 
"Os turistas realizam a façanha de não pertencer ao lugar que podem estar visitando: é deles o milagre de estar dentro e fora do lugar ao mesmo tempo. [...] Viajando despreocupadamente, com apenas uns poucos pertences necessários à garantia contra a inclemência dos lugares estrangeiros, os turistas podem sair de novo a caminho, de uma hora para outra, logo que as coisas ameaçam escapar de controle, ou quando seu potencial de diversão parece ter-se exaurido, ou quando aventuras ainda mais excitantes acenam de longe".
Há pouco o carteiro me entregou o quinto livro de Bauman: Vida líquida
Os outros três (que já li): Ensaios sobre o conceito de cultura, A arte da vida e Ética pós-moderna

quinta-feira, 19 de março de 2015

SOBRE O BEIJO HOMOSSEXUAL

Por que apenas os chamados evangélicos se incomodaram com o beijo entre duas personagens femininas da telenovela Babilônia, estreada segunda-feira passada na TV Globo? 
Os católicos não se manifestaram, o que permite interpretar como aceitação tácita? 
Por que a diferença de comportamento, se os dois segmentos religiosos seguem o mesmo livro, o mesmo deus? 
Outra questão pertinente: os evangélicos podem ser acusados de preconceito, de homofobia? 
Tal acusação, salvo melhor juízo, não constitui um desrespeito à crença na palavra revelada? 
(O papel do filósofo é perguntar e perguntar, antes de fazer uma leitura unilateral da realidade.)

quarta-feira, 18 de março de 2015

DECEPÇÃO

Todo filósofo é racionalmente bom até ser metafísico ou idealista (a exemplo de Platão). Todo filósofo é honestamente bom até ser marxista (a exemplo de Sartre). 
No Brasil, Olavo de Carvalho é do primeiro tipo, e Marilena Chauí, do segundo. 
Na orelha de seu O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota, Olavo de Carvalho se permite o epíteto de "maior filósofo brasileiro". Tal presunção antissocrática é facilmente confirmada ao ler sobre a posição radical do autor contra a ciência, notadamente contra o darwinismo. No momento em que filosofia e ciência contribuem cada vez mais para um novo paradigma, OC reafirma suas convicções cristãs, depois de ter estreado como astrólogo.
Marilena Chauí, no outro extremo, filia-se ao marxismo-lulismo, é acusada de plágios e de ser inimiga autoconfessa (etílico-pulsional) da classe média brasileira. Por essas e outras, não é uma boa filósofa.
Uma decepção os dois. 

segunda-feira, 16 de março de 2015

CITO BAUMAN QUE CITA FREUD

Na intenção de escrever um ensaio sobre a falsa pós-modernidade, ou falso insucesso da razão (como agente da felicidade), tenho lido Zygmunt Bauman com atenção redobrada.
Depois de dois anos, retomo O mal-estar da pós-modernidade, do sociólogo polonês, traduzido por Mauro Gama e Cláudia Martinelli Gama. 
Como argumento de autoridade, Bauman cita O mal-estar na civilização, de Sigmund Freud, a partir desta sentença: "A civilização se constrói sobre uma renúncia ao instinto". O homem moderno foi obrigado a reprimir parte de sua libido e parte de sua agressividade. Ele "trocou um quinhão das suas possibilidades de felicidade por um quinhão de segurança". 
Bauman atribui o mal-estar ao "excesso de ordem" e de sua inseparável companheira, a "escassez de liberdade": 
"Dentro da estrutura de uma civilização concentrada na segurança, mais liberdade significa menos mal-estar; dentro da estrutura de uma civilização que escolheu limitar a liberdade em nome da segurança, mais ordem significa mais mal-estar.
"Os homens e as mulheres pós modernos trocaram um quinhão de suas possibilidades de segurança por um quinhão de felicidade. Os mal-estares da modernidade provinham de uma espécie de segurança que tolerava uma liberdade pequena demais na busca da felicidade individual. Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura do prazer que tolera uma segurança individual pequena demais.
"O que chamamos felicidade (...) vem da satisfação de necessidades represadas até um alto grau... Liberdade sem segurança não assegura mais firmemente uma provisão de felicidade do que segurança sem liberdade.
"Não há nenhum ganho sem perda". 

sexta-feira, 13 de março de 2015

DIA DA POESIA?


AMANHÃ, ÀS VÉSPERAS de uma manifestação nacional (para que exatamente?), comemora-se o DIA DA POESIA. A data remonta ao nascimento de CASTRO ALVES, poeta da última geração de românticos. 
Por que não comemorar CASTRO ALVES? Por que não declamar estrofes de NAVIO NEGREIRO? 
Dia da poesia é todo dia - para quem é poeta. 
No dia do nascimento de Olavo Bilac, declama-se Bilac. No dia do nascimento de Manuel Bandeira, declama-se Bandeira. E assim por diante, incluindo os grandes poetas de nossa Literatura. 
Mesmo que a hora não seja propícia, há tempo para a poesia.
Para os leitores deste blog, transcrevo um soneto do poeta baiano:

Último fantasma

Quem és tu, quem és tu, vulto gracioso,
que te elevas da noite na orvalhada?
Tens a face nas sombras mergulhada...
Sobre as névoas te libras vaporoso...

Baixas do céu num voo harmonioso!...
Quem és tu, bela e branca desposada?
Da laranjeira em flor a flor nevada
cerca-te a fronte, ó ser misterioso!...

Onde nos vimos nós?... És doutra esfera?
És o ser que eu busquei do sul ao norte...
Por quem meu peito em sonhos desespera?...

Quem és tu? Quem és tu? - És minha sorte!
És talvez o ideal que est'alma espera!
És a glória talvez! Talvez a morte!...

quarta-feira, 11 de março de 2015

PARA COMPREENDER NIETZSCHE

Nenhum filósofo foi mais verdadeiro do que Nietzsche ao analisar a "doença" da cultura ocidental (a que pertencemos). 
No prefácio de um de seus livros, escreveu que "o cristianismo é platonismo para o povo". Isso significa dizer que os pensadores (em sua maioria) seguiram Platão, uns mais, outros menos, e que o povo seguiu Paulo de Tarso (representando todos os pregadores cristãos).
O que há de semelhante entre o platonismo e o cristianismo?
Para ser breve, sem delongas, ambos condenam o mundo em que vivemos, o mundo real. 
Aqui tudo seria imperfeito (cópia imperfeita do mundo inteligível), segundo Platão, ou pecaminoso, segundo a religião dominante. 
Perfeito e maravilhoso, apenas o mundo das ideias ou o paraíso celestial. A alma é que importa. O corpo não presta.
Se você, caro leitor, vislumbra o mal que tais ideias e crenças causaram e causam à nossa civilização, recomendo a leitura de Nietzsche - tão difamado por aqueles que idealizam ou creem num mundo imaginário, fora da realidade, fora da vida. 

domingo, 8 de março de 2015

MUNDOS E UNIVERSO

Um preconceito acaba e outro se cria.
A existência de outros mundos semelhantes ao que mal conhecemos (e em que bem vivemos) permite-nos falar em pluriverso, ou multiverso.
O nosso não é único. Preconceito findo. Todavia, continua a ser mantido como universo distinto, quando não passa de uma "célula" do Universo (que hoje denominamos pluriverso ou multiverso).
O Universo é maior (não infinitamente, porque a palavra infinito mente). O Universo é maior do que  mundo iniciado por um big bang, onde se formaria uma galáxia, entre bilhões de outras galáxias, que denominamos Via Láctea, onde se formaria uma estrela, entre bilhões de outras estrelas, que denominamos Sol, onde se formaria (em torno dela) um planeta, que denominamos Terra...
O Universo, que fique claro, não é tão somente o mundo que ainda buscamos conhecer, cuja origem remete ao big bang que ocorreu há aproximadamente 13,7 bilhões de anos. Isso é um preconceito (da mesma natureza que possibilitava o geocentrismo).
A partir de hoje, o Universo passa a ser a soma do mundo em que vivemos e dos demais (vislumbrados hipoteticamente).
O homem continua um ser de abertura.

quinta-feira, 5 de março de 2015

PENSAR: PRIMEIRO PASSO

O juízo está dado: urge uma revolução ética neste país. O pensamento, com estatuto de verdade, é uma coisa, transformá-lo em ação é outra coisa. A despeito do conteúdo único que os caracteriza, diversos e inexequíveis são os meios que os separam. A diferença se assemelha à simples constatação de que necessito andar mil léguas para atingir um determinado objetivo e percorrer as mil léguas. A capacidade para formular o juízo parece ser do domínio de todos os cidadãos, inclusive daqueles que, na prática, fazem o contrário, tornando mais premente a necessidade de mudança. Entre os políticos, há uma maioria que se encaixa perfeitamente nesse tipo negativo de inclusão. No estágio atual, os chamados representantes do povo são incapazes de liderar eticamente quem quer que seja. Sem a participação política, ou com sua participação equivocada (como sói ocorrer nas últimas décadas), todas as tentativas de recuperar o país por intermédio da educação serão mal-sucedidas.

quarta-feira, 4 de março de 2015

LAVA BRASIL

O presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, estão na lista do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que irá pedir abertura de inquérito contra esses corruptos. 
A notícia era para cair como uma bomba sobre a cabeça dos brasileiros, mas parece algo de uma importância corriqueira, que sói aparecer nas machetes dos principais jornais com uma frequência que não mais chama a atenção.
O país precisa ser lavado de alto a baixo. 
Urge uma revolução ética.  

terça-feira, 3 de março de 2015

VAIDADE E INDIVIDUALISMO



Vereador de Santos quer proibir selfie em lugares públicos. Justificativa: em situação constrangedora, alguém poderia ser fotografado com esse recurso. 
Nietzsche já vislumbrou o excesso de sensibilidade por que passa nossa civilização. 
O político em questão foi eleito e é pago para idealizar uma lei dessa natureza. O indivíduo precisa ser protegido (de alguma coisa).
O selfie, já escrevi sobre isto, apenas comprova o individualismo radical que passa a caracterizar nossa cultura. Por intermédio dele, sou eu meu próprio fotógrafo, dispensando a ajuda solidário do outro. 
O individualismo radical vai de encontro à sabedoria que diz não ser o homem uma ilha. Ele tem uma fundamentação na vaidade humana (que não parece ter limites nestes dias).
("Ir de encontro" é diferente de "ir ao encontro".)