sábado, 27 de dezembro de 2008

VÍRGULA

Com relação ao emprego correto da vírgula, não é um exagero dizer que inexiste um texto cem por cento, ou dez. Os grandes escritores não passariam com a nota máxima. Para ilustrar, transcrevo a seguinte frase de José Saramago, extraída do romance Ensaio sobre a cegueira (que leio a olhos lentos):
oooNo interior a corda abria-se em duas.
Sem vírgula!
Obviamente, o erro pode não sido do autor, mas do digitador e do revisor (que não o identificou).
A colocação da vírgula exige profundo conhecimento de sintaxe. José de Nicola divide o aprendizado virgular em várias lições:
- A vírgula e os termos essenciais da oração;
- A vírgula e os termos integrantes da oração;
- A vírgula e os termos acessórios da oração;
- A vírgula e as orações coordenadas;
- A vírgula e as orações subordinadas substantivas;
- A vírgula e as orações subordinadas adjetivas;
- A vírgula e as orações subordinadas adverbiais.
Na frase de Saramago, a vírgula deve separar "no interior" de "a corda abria-se em duas". Por quê? A posição lógica do adjunto adverbial é logo em seguida ao verbo que modifica. Ao deslocá-lo de sua posição, deve ser separado por vírgula. Dessa forma, "no interior" (locução adverbial de lugar) encontra-se fora de sua posição, exigindo a vírgula (que não ocorre em "A corda abria-se em duas no interior").
Nos casos em que o advérbio deslocado for de pequena extensão, no máximo três sílabas, a vírgula pode ser dispensada.

Um comentário:

Eliziane Pivoto Mello disse...

Gostei dessas dicas Froilan, não sabe como eu sofro na hora de escrever...na dúvida, sempre coloco a vírgula...heheehhe,
um dia aprenderei todas as regrinhas sobre elas...
bjs, teu blog está muito bom, está mais light e de fácil compreensão...
lizi