domingo, 30 de setembro de 2007
EXEMPLO DE "PARECER"
Alguns santiaguenses "empilham" versos na obrigação de parecer um legítimo filho da Terra dos Poetas. Acreditam deveras numa hereditariedade cultural, que não existe, no lugar de ler, ler e ler os grandes poetas. Mais do que isso, estudar a arte poética (o som das palavras, o valor das palavras, o significado das palavras, o segredo do ritmo, a versificação, a estrofação, a forma do poema). O candidato a poeta precisa ampliar seu conhecimento lexical, sempre com bons dicionários. Escrever frases cheias de locuções verbais que rimam pobremente entre si (com verbos no infinitivo, no gerúndio e no particípio) não é suficiente para que seu autor queira a-parecer poeta.
TER OU SER?
Erich Fromm, filósofo e psicanalista, escreveu um livro para analisar a dicotomia ter ou ser da nossa existência. Antes de expressar a sua concepção, ele cita os grandes mestres da vida: "Buda ensina que, para chegarmos ao mais elevado estágio do desenvolvimento humano, não devemos ansiar pelas posses". Com relação a Jesus, escolho outra citação, a passagem do jovem rico, Mt 19.21: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu; depois vem, e segue-me". Fromm continua: "Mestre Eckhart ensinava que ter nada e tornar-se aberto e 'vazio', e não colocar o eu no centro, é a condição para conseguir riqueza e robustez espiritual". Marx dizia que "o luxo é tanto um mal como a miséria, e que nosso ideal deve consistir em ser muito, e não ter muito". Nas palavras do próprio pensador: "Ter e ser são dois modos fundamentais de experiência, cujas respectivas forças determinam as diferenças entre os caracteres dos indivíduos e vários tipos de caráter social". Dessa forma, como "modos fundamentais de experiência", não haveria a estanqueneidade entre o ter e o ser, radicalizada pelos mestres. O século XX revelou uma preponderância crescente pelo ter, em todas as instância do mundo ocidental. O ter poder, por exemplo, fez da primeira metade do século um tempo de beligerância e conflitos devastadores. O ter coisas gerou o que ficou conhecido como "sociedade de consumo". Atualmente, há reações contra o exagero da riqueza material, apontando para uma aditiva "e", no lugar da alternativa "ou": ter e ser. Vislumbro um novo modo de existência, entretanto, que resultará de uma síntese forçada dos anteriores: o parecer. O parecer é tão recente que não me arrisco a analisá-lo. Mais adiante, talvez.
A GENÉTICA EXPLICA

DIA DO TRADUTOR
A grande questão é saber o quanto a tradução para o português altera o texto original, escrito em alemão, por exemplo. Na poesia, por seus próprios elementos internos, como o ritmo dado pelo som das palavras, deduzo que a alteração é devastadora, criando um novo texto. A prosa também é alterada, um pouco menos, mas é. Duvido que um tradutor alemão, por mais conhecedor da língua portuguesa, consiga preservar a beleza rítmica da primeira página de Iracema, de José de Alencar. As palavras e as estruturas sintáticas serão outras. As metáforas não farão sentido. O inverso é também verdadeiro. Não há solução para esse problema. Por mais que eu aprenda o alemão, nunca saberei tanto quanto aquele que traduz do alemão. Para não perder nada de um poema de Goethe, por exemplo, eu teria que ler em alemão, compreender em alemão, contemplar em alemão, sem o auxília da minha língua materna (o português). Não há outra alternativa senão confiar no tradutor, sabendo de antemão que perdemos um pouco do texto original.
PARABÉNS, RAQUEL
Muito criativa a ilustração para a 10ª Feira do Livro de Santiago. A firmeza e economia dos traços revelam o domínio de quem a elaborou artisticamente. Tão importante quanto à beleza do desenho é a leitura (interpretação) que podemos fazer dele. Fruição e conhecimento. Uma pessoa lê - sentada num banco da praça, sob as lâmpadas da Rua dos Poetas. Parabéns, Raquel Gorski!
TERRA DOS POETAS

de muitos rumos trouxe o carreteiro,
no rastro de quem cavalgou primeiro,
para encontrar aqui descanso e aguada.
oooMais tarde, com a vinda do estancieiro
oooInácio Gomes, nesta encruzilhada,
ooode vez a vida urgiu urbanizada,
oooporque é do homem o sonhar povoeiro.
ooooooO sonho transformou-se em realidade,
ooooooque, no presente, ufana o citadino
oooooo(sob o luzeiro da Universidade).
oooooooooA terra, em que passaram as carretas
oooooooooum dia, traça seu melhor destino
ooooooooo- o de gerar e de acolher os poetas.
oooo
oooo
Escrevi o soneto acima para a I Coletânea de Poemas Santiago - Terra dos Poetas, livro publicado pela URI.
sábado, 29 de setembro de 2007
ZERO HORA DE DOMINGO
CAPA: De Sertão Santana a Nova York - Assim nasce uma modelo. Sobre a trajetória de Luana Teifke, 16 anos. Quase um terço dos prefeitos gaúchos buscará a reeleição (sou contra). Como vencer a muralha do São Paulo (duvido). Clássico de opostos na Serra. Um Estado a caminho do declínio (pág. 14), o Rio Grande do Sul, claro. EDITORIAIS Crise de confiança (nas instituições brasileiras) e Um voto importante (para conselheiro tutelares de Porto Alegre). ARTIGOS: A era do deleite (sobre a era do Homo estheticus), de Ani Mari Hartz Born; Dizer sera fazer?, de Flávio Tavares; O fracasso de uma nação, de Percival Puggina; Fair Play, de Marcos Rolim. EXTERIOR: Batata vira questão de Estado na Argentina; Brasil sabia que haveria "novas regras de jogo", diz boliviano; Bélgica, um país à beira da secessão (quem diria?); Chávez, verdades e mentiras. GERAL: Fronteira - Pampa de areia (sobre os areais entre Livramento e Quaraí); Obras na BR-101, Trechos prontos no verão. POLÍCIA: Crime sobre duas rodas - ocultos pelo capacete. ESPORTES: Abaixo o muro, caminho do gol; DNA sobe a Serra (Grêmio contratou jogadores altos); A fada da camisa 10 - Marta Vieira da Silva. TV: Sem comentário. DONNA ZH: Meio esquisito (a crônica sem graça do L.F.V.); O tempo está ao lado delas (sobre as mulheres que ficam mais bonitas com o passar dos anos, isto é, Sarah Jessica Parker, Demi Moore e Jennifer López); Poderes na sombra (livro relata os jogos políticos e amorosos das rainhas e amantes dos reis franceses do Antigo Regime); Do chão batido à passarela (trajetória da gaúcha Luana Teifke como modelo); Moda et modelos (que tema para Moacyr Scliar?); Amo você quando não é você (Martha Medeiros).
NOVO CAMPEÃO MUNDIAL DE XADREZ

oooo
Meu interesse pelo xadrez vem desde os 14 anos, quando aprendi o melhor jogo do mundo. Nunca passei de um jogador mediano, por ter começado muito tarde e fazer um milhão de outras coisas.
BEM-VINDO, JOÃO OTÁVIO
O GUARDADOR DE REBANHOS
CUIDADO, NOBRE, AO VOLTAR ESTA PÁGINA! AQUI DISSIPA-SE O MUNDO VISIONÁRIO E PLATÔNICO. VAMOS ENTRAR NUM MUNDO NOVO, TERRA FANTÁSTICA, VERDADEIRO ALÉM-MAR DE ANNABEL LEE, ONDE POE É REI; E VIVEM AUGUSTO, FERNANDO, VINÍCIUS E TODO O ENCANTO "DE ASSIS": - A PÁTRIA DOS SONHOS DE EINSTEIN, BEETHOVEN, SHAKESPEARE. AGORA BASTA. FICARÁS TÃO ADIANTADO AGORA, MEU NOBRE, COMO SE NÃO LESSES ESSAS PÁGINAS DESTINADAS A NÃO SER LIDAS. DEUS ME PERDOE! ASSIM É TUDO! ATÉ OS PREFÁCIOS!
CUIDADO, NOBRE, AO VOLTAR ESTA PÁGINA! AQUI DISSIPA-SE O MUNDO VISIONÁRIO E PLATÔNICO. VAMOS ENTRAR NUM MUNDO NOVO, TERRA FANTÁSTICA, VERDADEIRO ALÉM-MAR DE ANNABEL LEE, ONDE POE É REI; E VIVEM AUGUSTO, FERNANDO, VINÍCIUS E TODO O ENCANTO "DE ASSIS": - A PÁTRIA DOS SONHOS DE EINSTEIN, BEETHOVEN, SHAKESPEARE. AGORA BASTA. FICARÁS TÃO ADIANTADO AGORA, MEU NOBRE, COMO SE NÃO LESSES ESSAS PÁGINAS DESTINADAS A NÃO SER LIDAS. DEUS ME PERDOE! ASSIM É TUDO! ATÉ OS PREFÁCIOS!
ooooo
Outra bela surpresa! João Otávio Cadó é um adolescente, mas já demonstra em seus (hiper)textos o domínio da linguagem e vasto conhecimento. Basta o título e a apresentação de seu blog para percebermos uma autoria diferenciada. Como isso é possível? A Kátia já havia falado do Cadó, aluno destaque, alguém que escreve como gente adulta. Não há exagero nesta avaliação, a diferença é notável em seus posts.
TRAÍDO PELO SOM
Ante a palavra "óbolo", para evitar a repetição de "esmola", escrevi "óbulo". Percebi o erro agora, ao postar o texto escrito para a prova da professora Sandra. Caso típico em que o erro de ortoépia, embora "óbulo" soe melhor, induz o erro ortográfico.
PONTES PARA A ALTERIDADE

ooooooAs pessoas se dividem entre o dar e o não-dar esmola, segundo suas opiniões. Na prática, elas acabam atendendo o pedinte, ainda mais quando o argumento deste é a fome.
ooooooA solidariedade crescente, penso, não se explica apenas pelo sentimento de culpa do doador, que se aliviaria com o óbolo. O aumento da miséria, a condição subhumana, a aproximidade física do miserável batendo à nossa porta, são realidades que despertam um novo sentimento (algo acima do egoísmo velado). A evolução psíquico-emocional dos indivíduos, ao contrário do que pregam os arautos do endeusamento pessoal, egolátrico, tem lançado pontes para a alteridade. No momento de darmos esmola, estamos pensando no outro, sentindo-o empaticamente. A alegria dele é o que realmente nos importa.
ooooooNão há utopia, não há idealização acerca desse comportamento altruísta. Percebo-o em mim e na maioria dos que dão esmolas (caracterizadas nas roupas e calçados que ainda usamos, na comida que fazemos ao meio-dia, no trocado, inclusive).
oooooo
oooooo
Escrevi o texto acima hoje de manhã para responder uma questão avaliativa da professora Sandra Nascimento. O tema a ser desenvolvido era sobre o dar ou não dar esmola. A ilustração é o "signo emblemático da alteridade". Alteridade significa "natureza ou condição do que é outro" (Houaiss). Uma das palavras mais bonitas da nossa língua.
A BELA PROSTITUTA

O GRANDE VILÃO
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
VI SEMINÁRIO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
Outro evento ocorrerá na próxima semana, concomitantemente à 10º Feira do Livro e à inauguração da Rua dos Poetas: VI SENED. Com abertura prevista para quarta-feira, 3, no Salão Paroquial da Igreja Matriz, o seminário tem a chancela da URI - Campus Santiago. Em 1999, participei do segundo seminário. As conferências foram as seguintes: Motivação e auto-estima, com Joel Adriano Maciel; Valorização profissional, com Ana Maria Ribeiro; Felicidade e sucesso - uma opção de vida, com Sérgio Kehl; Inteligência emocional, com Deroni Sabbi. (Tenho anotado na minha agenda.) Não fosse outros compromissos, participaria desta vez.
BEM-VINDA, ADRIANA
...somos quem queremos ser...
oooooo
Nossa blogosfera recebe mais um toque de poesia com a Adriana. Aqui é um excelente lugar para curtirmos a Primavera (com todo esse céu a inundar nossos olhos contemplativos).
DOÇURA E SOBREVIVÊNCIA

oooo
(Publicado na coluna do Expresso Ilustrado em 08 de dezembro de 2006.)
FEIRAS E FEIRAS
Na coluna de hoje do Expresso, escrevo sobre a feira do livro que ocorrerá em Santiago. Minha preocupação é se ela atrairá o público? O ano passado, a visita das escolas preenchia o vazio dos espaços da praça Moysés Viana. Os políticos comparecerão à feira? Na edição anterior, mais distante de qualquer eleição, eles não compareceram. À exceção dos representantes do executivo municipal. Livro é conhecimento, cultura refinada... Não é o tipo de produto que os santiagunses estão acostumados a consumir. Outras feiras ocorrerão no mesmo mês de outubro que, mal ou bem, reflete a importância dada pela nossa sociedade à economia, ao negócio. Certamente, o Ginasião lotará todas as noites. Vejo com bons olhos o enriquecimento material, na medida que ele impõe outras necessidades humanas, como a produção literária, por exemplo. O romance nasceu da burguesia endinheirada e... ociosa. (Necessariamente nessa ordem.) Exagerei ao escrever que a feira do livro é um acontecimento. Futuramente, sim.
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
MUTAÇÃO INTERIOR

OOOOOO pensar sem agir, o falar por falar, pouco importância tem como matéria-prima disponível para me conhecer como realmente sou, além das aparências. As palavras não constituem a realidade. Elas se prestam para figuração do real, principamente atavés da POESIA - a arte de dizer o insolito com beleza e originalidade.O pensamento me interessa sob o aspecto prático, quando ele conduz à ação.
OOOOOHá como que um abismo entre os meus atos pensados, refletidos, e o que em mim obedece a uma força instintiva, desconhecida, comum à espécie a que pertenço. Por megalomania ou orgulho, sustento que as acões que realizo são o produto acabado do meu gosto, da minha vontade, do meu "eu". Num estágio inicial jamais me defino como egoísta, mas basta uma pequena introspecção para vir à tona a negação do meu ideal altruísta - o meu egoísmo. Mais ao fundo, continuando com a introspecção, reconheço que sou apenas um veículo do egoísmo específico, um gene da vontade racial, filogenética. Conquanto o resultado do conhecimento tenha coincidido com a crença , de que não sou egoísta, a descoberta provoca uma mutação interior.
OOOOOA partir do momento em que me determino a desvendar esse abismo, a partir dos primeiros passos em sua direção, começo a conhecer a natureza que está na origem do que faço, consciente ou inconscientemente. Na alegoria platônica, o indivíduo precisava sair da Caverna, para perceber a realidade. Todavia, para perceber a si mesmo, a realidade mais tangível, ele deve entrar para o lado obscuro, incompreensível até então.
OOOOOO desafio que é conhecer a mim mesmo, exige, inicialmente, muita coragem. Ainda ignoro o poder deste conhecimento, as vantagens dele conseqüentes, entre as quais a liberdade. Os obstáculos surgem tão logo percebo a estrutura psíquica de autodivinização. O sutil vislumbramento da mesma traz o germe filosófico que destruirá toda a mitologia individualizada, internalizada. De repente, vejo-me cair das alturas, sabendo ser uma queda nescessária para a conquista da identidade própria, livre dos preconceitos morais e religiosos, livre da Grande Ilusão.
OOOOOÀ medida que avanço na compreensão de mim mesmo, o caos se transforma em ordem, a treva em claridade. Deixo de representar: Sou o que sou, sem a grandeza ilusória que julgava ter antes desta aventura autocognitiva. Hoje o que penso, o que falo (e escrevo), já não entra tanto em contradição com a realidade daquilo que faço, gestos e obras, e do que realmente sou.
OOOOOEis a minha evolução, o meu autoconhecimento, e é tudo o que me torna perfectível!
OOO
OOO
(Esse é o meu texto que a D. Renita guarda consigo e que seu neto me mandou por e-mail.)
DONA RENITA ANDRETTA

(D. Renita reside no edifício isolado, à esquerda da foto acima, próximo ao Largo dos Açorianos, na Av. Borges de Medeiros.)
EXCERTOS DO CAIO ABREU
“Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga
mede-se mais exatamente pela dor que provocou,
e para sempre perdeu-se
no momento em que cessou de doer,
embora lateje louca nos dias de chuva.”
“Quando partiu, levava as mãos no bolso,
a cabeça erguida.Não olhava para trás,
porque olhar para trás era uma maneira de ficar
num pedaço qualquer para partir incompleto,
ficado em meio para trás.
Não olhava, pois,
e, pois não ficava.
Completo,
OOOOOOOOOOOOOOOOpartiu.”
"Não choro mais. Na verdade,
nem sequer entendo porque digo mais,
se não estou certo se alguma vez chorei.
Acho que sim, um dia. Quando havia dor.
Agora só resta uma coisa seca.
Dentro, fora."
mede-se mais exatamente pela dor que provocou,
e para sempre perdeu-se
no momento em que cessou de doer,
embora lateje louca nos dias de chuva.”
“Quando partiu, levava as mãos no bolso,
a cabeça erguida.Não olhava para trás,
porque olhar para trás era uma maneira de ficar
num pedaço qualquer para partir incompleto,
ficado em meio para trás.
Não olhava, pois,
e, pois não ficava.
Completo,
OOOOOOOOOOOOOOOOpartiu.”
"Não choro mais. Na verdade,
nem sequer entendo porque digo mais,
se não estou certo se alguma vez chorei.
Acho que sim, um dia. Quando havia dor.
Agora só resta uma coisa seca.
Dentro, fora."
A REPRESENTAÇÃO DE UM MITO
O João Lemes me ligou há pouco. Ele está indignado com a grossura de certas pessoas que (não) atenderam minha amiga Fabiane no Coxilha de Ronda. Tentei acalmá-lo, dizendo-lhe que essas pessoas não são grossas no seu dia-a-dia. Pelo contrário, noventa e nove por cento do ano são cordiais, pacíficas, humildes... Até que a circunstância as transforma do dia pra noite. Chegada a Semana Farroupilha, pilcham-se e se comportam de uma maneira estranha. Na personificação do mito, além das bombachas, do prato típico, do falar impostado, não pode faltar o ademane, a rusticidade, enfim, todo um comportamento que essas pessoas imaginam caracterizar o gaúcho de outrora. Para justificar tais mudanças repentinas, dizem obedecer a um estatuto. Mas ali, na imperatividade das letras, não consta que devem tratar grosseiramente o outro, porque ele não está pilchado, por exemplo. A propósito, o velho Gildo cantava "Porém sei tratar a qualquer cidadão / até representa que eu tenho cultura".
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
PÓS-MODERNA
HIPERTEXTO E GÊNEROS DIGITAIS

A LÓGICA DO PIOR

PARADOXO EVOLUTIVO

na época do australopiteco
o australopiteco
era o que mais
se parecia
com um homem
OOOOOOna época do pitecantropo
OOOOOOo pitecantropo
OOOOOOera o que mais
OOOOOOse parecia
OOOOOOcom um homem
OOOOOOOOOOOOna época do neandertal
OOOOOOOOOOOOo neandertal
OOOOOOOOOOOOera o que mais
OOOOOOOOOOOOse parecia
OOOOOOOOOOOOcom um homem
OOOOOOOOOOOOOOOOOOna época do homo sapiens
OOOOOOOOOOOOOOOOOOo homo sapiens
OOOOOOOOOOOOOOOOOOé o que mais
OOOOOOOOOOOOOOOOOOse diferencia
OOOOOOOOOOOOOOOOOOdo homem
(Poema escrito em cinco minutos vagos hoje à tarde.)
terça-feira, 25 de setembro de 2007
MUNDIAL DE XADREZ
UM ELOGIO VERDADEIRO
Um elogio autêntico é aquele que é feito sem a presença do elogiado. Na presença também o é, dependendo das palavras. Há um risco de ser exagerado ou de resvalar para a ironia. Nas aulas de Literatura dessa terça-feira, no Sinapse, Carol cochichou para a colega Edimara que meu blog é... qualquer predicativo como muuuito bom. Conheço meu ego o suficiente, razão por que permito que ele se exalte um pouco diante do superego, excessivamente crítico com seu irmão menor. Obrigado, Carol!
SIC ET SIMPLICITER
Sic é um termo da língua latina cuja tradução literal é "assim". A palavra Sic é usada freqüentemente em português para indicar é desta forma (Sic et simpliciter).
É possível, de facto, que a palavra "sim" do português tenha origem neste termo.
O "sic" é usado por editores, numa citação, para evidenciar que determinada palavra ou frase foi utilizada no texto original escrito ou falado por outrem, não sendo um erro de tipografia ou ortografia daquele último autor (por vezes como forma de ironia).
Por exemplo:
"O ministro Antônio Rogério Magri afirmou ontem que Fernando Collor é imexível [sic]."
Note-se que a palavra "sic" usualmente é reportada entre colchetes ou parênteses - evidenciando, assim, que não faz parte do texto original, cuja citação é feita - podendo ser posposta ou intercalada nesta.
É possível, de facto, que a palavra "sim" do português tenha origem neste termo.
O "sic" é usado por editores, numa citação, para evidenciar que determinada palavra ou frase foi utilizada no texto original escrito ou falado por outrem, não sendo um erro de tipografia ou ortografia daquele último autor (por vezes como forma de ironia).
Por exemplo:
"O ministro Antônio Rogério Magri afirmou ontem que Fernando Collor é imexível [sic]."
Note-se que a palavra "sic" usualmente é reportada entre colchetes ou parênteses - evidenciando, assim, que não faz parte do texto original, cuja citação é feita - podendo ser posposta ou intercalada nesta.
Transcrevi, ipsis litteris, o texto da Wikipédia.
É importante frizar que não se deve colocar sic em erros de digitação ou de ortografia. Recomenda-se a correção e pronto. Foi o que fiz amiúde na antologia que organizei dos autores que serão homenageados na Rua dos Poetas. Neste blog, há alguns dias, grafei universidade, sem o "r". Pois bem, um leitor não perdeu a oportunidade de me tripudiar pernosticamente, tascando um sic após a palavra acima citada.
Dois ensinamentos são pressupostos da filosofia socrática, transmitida por Platão e Xenofonte:
1) a importância do autoconhecimento e 2) alcançar a humildade na sabedoria. Sócrates personificou isso.
DOIS GRANDES EVENTOS
Santiago se prepara para dois eventos significativos: a 10ª Feira do Livro e a inauguração da Rua dos Poetas. O primeiro, cíclico, representa mais uma passo dado pela sociedade santiaguense rumo a sua evolução cultural. O segundo se destaca pela relevância histórica, um marco para a nossa cidade (merecedora do belo epíteto Terra dos Poetas). O primeiro, como veiculou no Jornal da Feira, é feito “para que o público tenha acesso ao mundo encantado dos livros e contato direto com seus escritores” atuais. O segundo é uma excelsa homenagem aos nossos artistas da palavra, que fizeram literatura ao longo do século XX: Manuel do Carmo, Zeca Blau, Ramiro Frota Barcelos, Túlio Piva, Antonio Carlos Machado, Sílvio Duncan, Carlos Humberto Aquino Frota, Jaime Medeiros Pinto e Caio Fernando Abreu. O primeiro tem como patrono Oracy Dornelles, poeta, artista plástico e bibliófilo. O segundo contará com a presença de um filho ilustre desta terra, José Santiago Naud, poeta, conferencista, co-fundador da Universidade de Brasília. O primeiro terá diversas atividades culturais, entre as quais (re)lançamento de obras, roda de poesia, oficinas literárias, apresentações de dança e de teatro. O segundo será prestigiado pelos familiares dos poetas e prosadores homenageados na Rua dos Poetas. O primeiro semeará, como cantava Castro Alves, “livros a mancheia”. O segundo lançará um livro apenas: Ruadospoetas – Antologia 1. O primeiro terá início no dia 2 de outubro, às 10 horas, na Praça Moysés Viana, encerrando-se no dia 6, às 18 horas. O segundo ocorrerá também no dia 2, às 19 horas, na Rua dos Poetas/ Clube União. Os dois eventos são muito significativos para Santiago.
LITERATURA ESQUECIDA
Qual a ligação de Sherlock Holmes com a Amazônia? Uma pergunta estranha, cuja resposta denuncia certo descaso da mídia e nosso atraso cultural. Pouco sabemos sobre a literatura feita no Norte ou ambientada nessa grande região. Exceção para Galvez, Imperador do Acre, de Márcio Souza, dramatizado pela Rede Globo. Dalcídio Jurandir escreveu dez romances: Chove nos Campos de Cachoeira; Marajó; Três Casas e um Rio; Belém do Grão Pará; Passagem dos Inocentes; Primeira Manhã; Ponte do Galo; Os Habitantes; Chão dos Lobos; e Ribanceira. Nascido na Ilha de Marajó, foi comunista convicto em pleno governo de Vargas. Por isso, foi preso duas vezes. Acabou indo embora para publicar seus livros. Milton Hataum escreveu Dois Irmãos e Cinzas do Norte. Márcio Souza reside em Manaus e Hataum, em São Paulo. Autores de fora que escreveram histórias ambientadas na Amazônia: El Príncipe de los Caimanes, de Santiago Roncagliolo (peruano); Green Mansions, de W. H. Hudson; Pantaleão e as Visitadoras, A Casa Verde e O Falador, de Mario Vargas Llosa; e O Mundo Perdido, de Conan Doyle. O criador de Sherlock Holmes narra em O Mundo Perdido a história do Professor Challenger, cientista que descobre dinossauros no interior da Floresta Amazônia.
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
O USO DA VÍRGULA
O uso correto da vírgula é um dos grandes problemas do produtor de texto escrito. Para solucioná-lo, esse usuário necessita conhecer a sintaxe. Toda a sintaxe. Os TERMOS ESSENCIAIS da oração não se separam por vírgula. Para separar os núcleos do sujeito composto antes do penúltimo, emprega-se essa "pequena vara". Os TERMOS INTEGRANTES - objetos diretos ou indiretos, complementos nominais e agente da passiva - também não se separam dos nomes e verbos a que integram o significado, mesmo com a inversão na ordem sintática da oração. Os TERMOS ACESSÓRIOS ainda não oferecem maiores dificuldades: adjuntos adnominais não se separam dos substantivos a que se referem; os adjuntos adverbiais, quando deslocados de sua posição lógica, ou seja, em seguida ao verbo que modificam, devem ser separados por vírgula; e o aposto, anteposto ou posposto ao termo a que se refere, sempre é separado por vírgula. O vocativo, que é termo independente, segue o aposto nesse particular. A partir de agora, o estudo se aprofunda com as orações coordenadas, com as orações subordinadas substantivas, adjetivas e adverbiais. Uma boa gramática, como a de José de Nicola/ Ulisses Infante, significa o primeiro passo para aprender o uso da vírgula. O segundo, mais necessário ainda, é escrever, escrever e escrever.
NOVA BLOGUEIRA
Nossa blogosfera está com a cara desse céuzão que inunda nossos olhos nesta tarde. Dois motivos: a Cristina Cogo Michelon, de Nova Esperança, acaba de criar seu blog; e Rebeca voltou atrás em sua decisão de nos deixar, numa atitude de sensatez.
Blog da Cristina: www.cogomichelon.blogspot.com
(só para rimar).
Blog da Cristina: www.cogomichelon.blogspot.com
(só para rimar).
LÍGIA, UM FILME IMPERDÍVEL

Hilary foi agraciado com o Oscar de Melhor Atriz por Meninos não choram (2000) e Menina de Ouro (2004). No início do filme, a professora Erin Gruwel chega à Escola Wilson em Long Beach e expõe seu pensamento à coordenadora do curso de Inglês (uma cobra): [...] Escolhi a Wilson por causa do programa de integração. Acho que o que está acontecendo aqui é muito empolgante [...]? Meu pai participou do movimento pelos direitos civis. E na época em que vi os tumultos de Los Angeles na TV, eu planejava fazer Direito. Eu pensei: "Céus, quando se defende um garoto no tribunal já se perdeu a guerra". A verdadeira luta deveria acontecer aqui na sala de aula. Você vai chorar vendo esse filme.
PRIMEIRO CANTO
eu canto
a primavera
nestas manhãs
com os olhos
apanhadores
de pássaros
com os dedos
molhados
de brisa
com o coração
floriforme
nestas manhãs
a primavera
eu canto
(Hoje posso editar o poema acima, deletando o que era seu esboço. Para compô-lo, empreguei um único verbo e um único adjetivo. Essas duas classes de palavras empobrecem o texto poético.)
a primavera
nestas manhãs
com os olhos
apanhadores
de pássaros
com os dedos
molhados
de brisa
com o coração
floriforme
nestas manhãs
a primavera
eu canto
(Hoje posso editar o poema acima, deletando o que era seu esboço. Para compô-lo, empreguei um único verbo e um único adjetivo. Essas duas classes de palavras empobrecem o texto poético.)
TRADIÇÃO JUDAICO-CRISTÃ
Nossa civilização não nasceu na Grécia, como nos ensinaram os professores de História. Nossa civilização nasceu um pouco mais ao oriente, num pequeno reino chamado Judá. Nada tem sido mais influente no mundo ocidental do que a tradição judaico-cristã, cuja quintessência é transformar a Terra num "vale de lágrimas".
Com este escrito, declaro algo jamais pensado por alguém (que a nossa civilização nasceu em Judá). O terceiro período acima já revela a clara influência de Nietzsche.
O antropocentrismo, por exemplo, vejo também como conseqüência da auto-divinização do homem, não o contraponto.
Com este escrito, declaro algo jamais pensado por alguém (que a nossa civilização nasceu em Judá). O terceiro período acima já revela a clara influência de Nietzsche.
O antropocentrismo, por exemplo, vejo também como conseqüência da auto-divinização do homem, não o contraponto.
O VIÉS HUMANO
Num dos posts abaixo, escrevo que os homens estão errados ao pensar que as florestas existem para que eles vivam. O mesmo preconceito antropocêntrico, a mesma vaidade, pode ser observada na relação humana com o clima. Ela é fundamentada por um princípio hedonista, que preconiza a obrigatoriedade das temperaturas variarem conforme o desejo e a conveniência dos homens. (Não emprego a primeira pessoa do plural para ser coerente com o meu percebimento do equívoco, o que me faz mais adaptável ao meio.) Exemplo social desse comportamento especista ocorre nas grandes cidades construídas às margens de um rio, cujas áreas de alagamento em tempo de cheia foram sendo ocupadas para urbanização. Quando os pequenos dilúvios acontecem, a população ribeirinha chora e esbraveja que o rio invadiu suas casas e que o governo precisa urgentemente fazer alguma coisa. Em Curitiba, o então prefeito Roberto Requião resolveu o problema no âmbito dialético: as casas invadiram primeiro o leito do rio. Quente ou frio, seco ou úmido, o clima existe independentemente das necessidades humanas, apesar de estas já interferirem naquele de uma forma nefasta para a própria vida.
PREVISÕES METEOROLÓGICAS
As previsões meteorológicas não falham. Todas a frentes frias previstas se confirmaram. Pela primeira vez não fez agosto no mês de agosto. O inverno foi extenso e intenso (mais do nunca). As chuvas marcaram o fim da estação no Rio Grande do Sul (para incômodo da gauchada que foi para avenida festejar a Semana Farroupilha). Pois, bem, a meteorologia prevê uma Primavera seca e quente, 2ºC acima da média. Aqueles que perguntavam pelo aquecimento (tiritando de frio), como a pilheriar com o tempo, terão a resposta nos próximos meses.
domingo, 23 de setembro de 2007
CHUVA E ENSIMESMAMENTO

VAMOS POSTAR
O que está acontecendo com os nossos blogueiros? Passam-se umdoistrêsquatrocinco dias e nada de novo no blog. À exceção de umaduastrêsquatrocinco atualizações, tudo mais é silêncio (para frustração dos leitores). Repito o que diz uma personagem dO Pequeno Príncipe, de Exupéry: Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Para ficar mais realista, deleto "eternamente" (um hipérbole desnecessário).
sábado, 22 de setembro de 2007
CAMPEONATO MUNDIAL DE XADREZ

Participantes:
- Vishwanathan Anand (1) - Índia;
- Vladimir Kramnik (2) - Rússia;
- Alexander Morozevich (5) - Rússia;
- Peter Leko (7) - Hungria;
- Levon Aronian (8) - Armênia;
- Peter Svidler (12) - Rússia;
- Boris Gelfand (13) - Israel;
- Alexander Grischuk (14) - Rússia.
O número entre parêntesis significa a colocação no ranking da Federação Internacional de Xadrez. Anand, de camisa clara na foto acima, lidera o atual campeonato com 5 pontos. Término previsto: 30 set 2007.
O QUE É INTERTEXTUALIDADE?
Intertextualidade é a superposição de um texto literário a outro 1. influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida, e que gera a atualização do texto citado 2. utilização de uma multiplicidade de textos ou de partes de textos preexistentes de um ou mais autores, de que resulta a elaboração de um novo texto literário (Houaiss).
Tipos de intertextualidade:
- Epígrafe - designa os fragmentos de textos que servem de lema ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Pode ocorrer logo abaixo do título de um livro, ou ainda à entrada de um capítulo, ou composição poética. Por vezes, não existindo vínculo entre ela e o conteúdo da obra, funciona como mero enfeite ou demonstração pueril de conhecimento (Massaud Moisés).
- Citação - transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
- Paráfrase - reprodução do texto do outro com as palavras do autor, muitas vezes para torná-lo mais claro. Ela é diferente do plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.
- Paródia - Designa toda composição literária que imita, cômica ou satiricamente, o tema ou/e a forma de uma obra séria. O intuito da paródia consiste em ridicularizar uma tendência ou um estilo.
- Pastiche - diz-se de uma obra que, imita servilmente a outra, ou mistura canhestramente trechos de várias procedências. De sentido pejorativo, corresponde, até certo ponto, à paródia.
- Tradução - a versão de uma língua para outra está no campo da intertextualidade porque emplica em recriação do texto traduzido.
- Referência - nota informativa de remissão em uma publicação.
- Alusão - referência vaga, de maneira indireta, a um autor ou obra.
Tipos de intertextualidade:
- Epígrafe - designa os fragmentos de textos que servem de lema ou divisa de uma obra, capítulo, ou poema. Pode ocorrer logo abaixo do título de um livro, ou ainda à entrada de um capítulo, ou composição poética. Por vezes, não existindo vínculo entre ela e o conteúdo da obra, funciona como mero enfeite ou demonstração pueril de conhecimento (Massaud Moisés).
- Citação - transcrição do texto alheio, marcada por aspas.
- Paráfrase - reprodução do texto do outro com as palavras do autor, muitas vezes para torná-lo mais claro. Ela é diferente do plágio, pois o autor deixa claro sua intenção e a fonte.
- Paródia - Designa toda composição literária que imita, cômica ou satiricamente, o tema ou/e a forma de uma obra séria. O intuito da paródia consiste em ridicularizar uma tendência ou um estilo.
- Pastiche - diz-se de uma obra que, imita servilmente a outra, ou mistura canhestramente trechos de várias procedências. De sentido pejorativo, corresponde, até certo ponto, à paródia.
- Tradução - a versão de uma língua para outra está no campo da intertextualidade porque emplica em recriação do texto traduzido.
- Referência - nota informativa de remissão em uma publicação.
- Alusão - referência vaga, de maneira indireta, a um autor ou obra.
PASSAGEM ESTELAR DE REBECA SASSO
Em plena euforia com a mais nova blogueira em nosso meio virtual, merecedora de todos os elogios, eis que ela trava seu blog. Diz-se cansada... Vamos respeitar a menina. Nossa blogosfera sentirá falta de sua presença instigante.
A "RAZÃO" NA FILOSOFIA
NIETZSCHE, em seu Crepúsculo dos Ídolos, "baixa o martelo":
Quereis que vos diga tudo que é peculiar aos filósofos?... Por exemplo, sua falta de sentido histórico, seu ódio à idéia do devir, seu egipcismo. Crêem honrar uma coisa despojando-a de seu aspecto histórico, sub specie aeterni... quando fazem dela uma múmia. Tudo com que os filósofos se ocupam há milhares de anos são idéias - múmias; nada real saiu vivo de suas mãos. Esses senhores idólatras das idéias quando adoram, matam e empalham: tudo é posto em perigo de morte quando eles adoram. A morte, a evolução, a idade, tanto quanto o nascimento e o crescimento, são para eles não só objetções, como até refutações. O que é não se torna, não se faz, e o que se torna ou se faz não é. Todos acreditam desesperadamente no ser. Porém não podem apoderar-se dele, buscam as razões segundo as quais ele lhes escapa: "É forçoso que haja aí uma aparência, um engano por efeito do qual não podemos perceber o ser - onde está o impostor?" Já o apanhamos - gritam alegremente - são os sentidos! Os sentidos, que por outro lado são tão imorais... Os sentidos são quem nos enganam acerca do mundo verdadeiro.
Resultado: mister se faz desprender-se da ilusão dos sentidos, do devir, da história, da mentira. Conseqüência: negar tudo o que supõe fé nos sentidos, negar todo o resto da humanidade; isso pertence ao povo; é necessário ser filósofo, é necessário ser múmia [...]. E acima de tudo que pereça o corpo, essa lamentável idéia fixa dos sentidos, o corpo contaminado por todos os defeitos que a lógica pode descobrir, refutado, até impossível, se se quer, ainda que tão impertinente que se porta como fosse real!
Um filósofo fazendo a análise dos próprios filósofos - eis a grandeza de Nietzsche.
Esse ódio ao devir, explico, advém da herança aristotélica.
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
O TEMPO

O portão azul, entre esta casa e a rua, separa-me das pessoas que passam num ritmo determinado muito mais pelos sonhos de cada uma delas. Às vezes, sinto compaixão pela realidade que deve manter tais pessoas presas inexoravelmente à vida. Ainda bem que a pressa não lhes permite olhar para trás destas grades de ferro com igual empatia ou indiscrição: apiedar-se-iam dos meus sonhos. Os transeuntes não imaginam o que seja minha faculdade de pensar o tempo, de senti-lo presente. Algo que não sei explicar sem o auxílio da alegoria. Um imenso comboio que roda, o tempo conduz a todos nós, quer percebamos seu movimento ou não. Muitos de meus contemporâneos têm certeza do deslocamento de uma estação a outra, mas dificilmente se reconhecem como simples passageiros. No interior desse trem, tudo está imóvel, pelo menos na aparência, dos objetos mais corriqueiros às estrelas no céu (vistas pela janela). A ilusão de imobilidade ocorre, inclusive, com o observador em relação a si mesmo. Por isso dizemos que o tempo passa. São ainda mais raros os que sabem o aspecto mais perturbador da "viagem": dois vagões seguem atrelados ao nosso, cujo acesso nos é negado sempre. Do que vem atrás, temos a nítida lembrança de que já o conhecemos. Ali estão as imagens de pessoas, lugares e eventos que marcaram alguns momentos de nossas vidas. Quanto ao vagão da frente, a despeito de toda pressa e desejo, logramos alcançá-lo única e exclusivamente através do sonho. Passado e futuro. Certamente, as pessoas que sobem e descem a Bento Gonçalves não estão interessadas em saber tais coisas. Para elas, a pressa é sinônimo de responsabilidade, nunca o sintoma de uma doença moderna, a qual tem sua origem na relação desastrada que temos com o tempo: o estresse. Assim sendo, dirijo minhas reflexões ao leitor solidário que, neste instante, olha para dentro de si e descobre quê.
(Nesta meia-noite, brindo os leitores com uma das melhores crônicas que escrevi nestes anos.)
PRÉ-SOCRÁTICOS
tales
na água
o mundo
flu~~tua
a terra
o sol
a lua
na água
tudo tem
origem
e de
oooos
ooooooágua
xenófanes
o grande engenho
do homem
que o levaria
aos céus
montado
oooooooosobre
o abdômen...
foi deus
heráclito
fogo logos
divindade
três nomes
identificam
no múltiplo
a unidade
do mundo
que sempre
foi e sempre
será aceso
ou extinto
com medida
dos contrá
oooo(rios)
num fluir
constante
e necessário
leucipo
na grande
orden(ação)
do cosmos
o ser
ooe
o não ser
ooooooooooooooooooooooooooosão
(Do meu livro Ponteiros de Palavra)
na água
o mundo
flu~~tua
a terra
o sol
a lua
na água
tudo tem
origem
e de
oooos
ooooooágua
xenófanes
o grande engenho
do homem
que o levaria
aos céus
montado
oooooooosobre
o abdômen...
foi deus
heráclito
fogo logos
divindade
três nomes
identificam
no múltiplo
a unidade
do mundo
que sempre
foi e sempre
será aceso
ou extinto
com medida
dos contrá
oooo(rios)
num fluir
constante
e necessário
leucipo
na grande
orden(ação)
do cosmos
o ser
ooe
o não ser
ooooooooooooooooooooooooooosão
(Do meu livro Ponteiros de Palavra)
CRÍTICA DA RAZÃO TUPINIQUIM
Roberto Gomes é um escritor brasileiro, com vários romances publicados, livros de contos e crônicas. Sua primeira obra, no entanto, foi Crítica da Razão Tupiniquim (1977), que versa sobre a Filosofia no Brasil. Um livro que conquista o leitor, extraordinário. Fechando com o que Olavo de Carvalho denuncia em seu estilo hiperbólico, Roberto Gomes escreve: "[...] Mergulhado num escafandro greco-romano - embora não seja nem grego nem romano -, o brasileiro foge de sua identidade. Tem sido na Filosofia que o espírito humano tem buscado sua auto-revelação. Porém, autocomplacente e conformista, sujeito sério, o brasileiro ainda não produziu Filosofia. Assim, é necessário advertir que um pensamento brasileiro jamais esteve lá onde tem sido procurado: teses universitárias, cursos de graduação e pós-graduação, revistas especializadas - e logo se verá por quê. [...] Além do palavrório aridamente técnico e estéril, das idéias gerais, das teses que antecipadamente sabemos como vão concluir, das idéias bem pensantes, nada encontramos que possa denunciar a presença de um pensamento brasileiro entre nossos 'filósofos oficiais', vítimas de um discurso que não pensa, delira. [...] Um pensamento brasileiro deverá brotar de uma realidade brasileira [...]. Deve inventar seus temas, ritmo, linguagem. [...] Obras como as de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Machado de Assis, Lima Barreto, Sérgio Buarque de Holanda, Chico Buarque, além daquilo que se tem feito no campo das ciências humanas nos últimos anos, têm mais a nos dizer do que as maçantes teses universitárias nas quais a Filosofia se mascara no Brasil".
Os nossos filósofos são meros interpretadores de Kant, Hegel, Marx, Gramsci, Husserl, Wittgenstein, Heidegger... Quanto mais obscuro, melhor. Por isso, a preferência pelos dois últimos. Um artigo de José Oscar de Almeida Marques (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas), sobre o Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein, não passa de tautologia, blablablá que não acaba mais para dizer e não diz sobre a essência da proposição. Na relação elaborada por Roberto Gomes dos expoentes da nossa Literatura que dizem muito através de suas obras, eu acrescentaria outros poetas: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Carlos Nejar...
Os nossos filósofos são meros interpretadores de Kant, Hegel, Marx, Gramsci, Husserl, Wittgenstein, Heidegger... Quanto mais obscuro, melhor. Por isso, a preferência pelos dois últimos. Um artigo de José Oscar de Almeida Marques (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de Campinas), sobre o Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein, não passa de tautologia, blablablá que não acaba mais para dizer e não diz sobre a essência da proposição. Na relação elaborada por Roberto Gomes dos expoentes da nossa Literatura que dizem muito através de suas obras, eu acrescentaria outros poetas: Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo Neto, Ferreira Gullar, Carlos Nejar...
PARA SUFOCAR O JOIO
Para evitar o joio, preservando a qualidade do trigo, preciso sufocar a semente ruim que nos últimos dias teima em germinar na lavoura que cultivo. A partir de agora, peço aos leitores que façam seus comentários para este e-mail: froilamo@bol.com.br
OLAVO DE CARVALHO
Olavo de Carvalho responde sobre a seguinte questão: Atualmente, as faculdades em geral formam realmente filósofos? Ou são só professores de Filosofia? "Ninguém pode dar o que não tem nem ensinar o que não sabe. Não há um só filósofo no nosso meio acadêmico, e a prova é que esse meio rejeita, por medo e preconceito, todo filósofo autêntico que apareça dentro ou fora dele. Dizer que uma Marilena Chauí, um Leandro Konder sejam filósofos é um ultraje à filosofia. A primeira é uma professora de ginásio, o segundo é um propagandista barato. Mas é só esse tipo de gente que a universidade aceita. Já o Villém Flusser, um gênio espantoso, acabou desistindo do Brasil e foi publicar seus livros na Alemanha, onde imediatamente foi reconhecido como um dos pensadores mais originais das últimas décadas. No Brasil aqueles entojadinhos da USP faziam pouco dele, empinavam o nariz diante dos seus escritos porque eram publicados em jornal – como se Gabriel Marcel ou Ortega y Gasset também não tivessem sido eminentemente jornalistas. Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva também foram postos para escanteio, e até Miguel Reale, reitor da USP, era discriminado dentro da sua própria universidade. Agora, com quarenta anos de atraso, a USP decidiu absorver o prof. Reale, concedendo ao mestre um lugarzinho modesto ao lado de quinze micos na coletânea Conversas com Filósofos Brasileiros, na qual ele é obviamente o único filósofo presente. Ora, esses quatro nomes – Flusser, Reale e os dois Ferreiras – perfazem o essencial da filosofia brasileira deste século – o que vale dizer que a filosofia esteve rigorosamente fora da universidade, por obra de medíocres e invejosos que se empoleiraram como urubus nas chefias de departamentos. O que a universidade brasileira tem feito contra a filosofia é simplesmente criminoso."
Olavo de Carvalho é filósofo.
Olavo de Carvalho é filósofo.
IDÉIA EQUIVOCADA

DIA DA ÁRVORE E DIA DO FAZENDEIRO?

quinta-feira, 20 de setembro de 2007
CÍRCULO
o barro
se fez
homem
ooooooo homem
oooooocons
oooooooooociência
oooooooooooooooa consciência
ooooooooooooooose fez
ooooooooooooooodeus
ooooooooooooooooooo(a mais
ooooooooooooooooooodoida
oooooooooooooooooootranscendência)
ooooooooooooooooooooooooooo deus
oooooooooooooooooooooooooose fez
oooooooooooooooooooooooooohomem
ooooooooooooooooooooooooooooooooo homem
oooooooooooooooooooooooooooooooobarro
oooooooooooooooooooooooooooooooooutra vez
(Do meu livro Ponteiros de Palavra)
se fez
homem
ooooooo homem
oooooocons
oooooooooociência
oooooooooooooooa consciência
ooooooooooooooose fez
ooooooooooooooodeus
ooooooooooooooooooo(a mais
ooooooooooooooooooodoida
oooooooooooooooooootranscendência)
ooooooooooooooooooooooooooo deus
oooooooooooooooooooooooooose fez
oooooooooooooooooooooooooohomem
ooooooooooooooooooooooooooooooooo homem
oooooooooooooooooooooooooooooooobarro
oooooooooooooooooooooooooooooooooutra vez
(Do meu livro Ponteiros de Palavra)
QUAL É O QUADRO?

"UMA ESTRELA CINTILANTE"

INACREDITÁVEL...
Outra vez às páginas do Expresso, sofro o impacto de uma notícia ruim. De repente, a foto de um homem me chama a atenção. O texto ao lado informa a morte de seu Polimar. Na quinta e sexta passadas, conheci esse senhor, conversei muito com ele, enquanto corríamos de automóvel pela cidade, ultimando os trabalhos da antologia da Rua dos Poetas. Como estava sem condições de dirigir ainda, a Secretaria de Educação e Cultura colocou um carro à minha disposição, cujo motorista era seu Polimar. Muito gentil e bom de prosa, contou-me de sua vida, da aposentadoria iminente, da mudança de residência que pretendia fazer... Segundo o jornal, seu Polimar sofreu um infarto enquanto dançava com a esposa.
A VISÃO DE UM ACIDENTE
Hoje me levantei cedo para revisar as provas que trouxera do Expresso. Como a manhã estava fechada, ameaçando chuva, abri as cortinas da janela para ler melhor. De repente, um ruído de freada me fez olhar para fora. Uma moto girava no ar (como se fosse em slow-motion, porque faço malabarismos com copo, xícara, faca etc.). Ao mesmo tempo em que a moto rodopiava, seu condutor sofria uma queda no rápido e pesado vôo, duramente interrompida pelo asfalto. A primeira coisa que pensei, ao sair manquitolando pelo portão, foi de saber o que provocara o acidente. Havia muitos cavaleiros subindo para o desfile. Ainda bem que o acidentado estava com o capacete, foi a segunda coisa que pensei. Em frente à parada do ônibus, no meio da rua, um cão agonizava sem qualquer atendimento. Por instinto especista, todos se dirigiam ao rapaz primeiramente. Em alguns minutos, chegou a ambulância. Voltei para dentro, imaginando o quanto de adrenalina uma pessoa libera entre o momento em que percebe a inevitabilidade do acidente e o momento em que perde os sentidos. As supra-renais devem responder tão rapidamente quanto o impulso cerebral, produzindo o máximo de hormônio. Esse aspecto físico-químico, no entanto, não tem a menor relevância ante o fato de um jovem ser conduzido ao hospital e um cão estrebuchar sobre o meio-fio (completamente ignorado).
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
RECICLAGEM

oooooooooooooooooestrelas
oooooooooooooooooburacos negros
oooooooooooooooooconvexos
ooooooooooooooooosão aberturas
oooooooooooooooooque viram
oooooooooooooooooeste universo
oooooooooooooooooosseva oa
ooooooooooooooooodo lado
oooooooooooooooooque se desvira
ooooooooooooooooomatéria-prima
ooooooooooooooooopo..e..i..ra....................
ooooooooooooooooonovo universo
oooooooooooooooooexpandido
ooooooooooooooooopós-reciclado
oooooooooooooooood i s p e r s o
(Do meu livro Ponteiros de palavra)
NOS TRIGAIS

da manhã
o vento
se desenha
em ondas
que vêm
ooooooooo e vão
e vêm
ooooooooo e vão
oooooooooooooooooooooooooo o vento
oooooooooooooooooooooooooo em vão
oooooooooooooooooooooooooo in venta
oooooooooooooooooooooooooo à luz
oooooooooooooooooooooooooo das praganas
oooooooooooooooooooooooooo o movimento
(Do meu livro Ponteiros de palavra)
VAMOS COMER O QUÊ?
TRÊS GRANDES POETAS BRASILEIROS
UM BRASIL SEM FILÓSOFOS

Você sabe de quem é a foto acima? Como não? Não conhece Vicente Ferreira da Silva?
Assinar:
Postagens (Atom)