terça-feira, 2 de dezembro de 2008

PROFESSORAS INESQUECÍVEIS


Ao ler a coluna do Juremir Machado da Silva, no Correio do Povo (imperdível nesta terça-feira), pensei em também me reportar às minhas primeiras professoras. Cada um tem suas histórias de paixões (e de temores), mas o sentimento que se sobressai no relacionamento porventura ainda mantido com essas mulheres é a gratidão. Ou melhor, um sentimento que transcende as ausências definitivas, uma vez que se conserva vivo em nossas mentes, em nossos corações. Antes mesmo de ingressar na escola, fui apresentado às letras pela minha mãe, que me guiou nos primeiros passos para a alfabetização. Aos sete anos de idade, comecei na escola Vicente Pallotti, no Rincão dos Cervos (mais tarde, Rincão dos Panerai), em que lecionava Lúcia Panerai. A escola distava uns quatro quilômetros, percorridos sobre as geadas que se repetiam ao longo do inverno. A primeira professora encarnava um misto de santa e guerreira (mais guerreira que santa). Mais de 50 alunos, do primeiro ao quinto ano, éramos reunidos numa única sala quadrada. A régua de madeira, nos anos sessenta, constituia-se no meio auxiliar mais necessário, principalmente para manter a disciplina. Giz e quadro-negro eram suficientes para a professora Lúcia ensinar a todos. Na hora do recreio, brincadeiras e brigas saudáveis. Nos anos sessenta, as brigas eram salutares. Demoraria uns 40 anos para que um olhar atravessado, uma palavra gritada (e outras amenidades) se transformassem em bullying. No ano seguinte (1967), mudei para a escola Cristo Redentor, no Passo da Cruz, cuja professora era Zenita Rigon Viero. Ao contrário da professora Lúcia, profe Nita era a tranqüilidade em pessoa. (Diga-se de passagem, nos anos sessenta, ainda não se reduzia o nome "professora" para "profe". A frescura era proibida.) Saí ganhando com a mudança de escola, passei do primeiro ano para o segundo, sem freqüentar o ano intermediário. No quarto ano, nova mudança de professora: Delir Vechietti. Minha futura tia não era das mais tranqüilas, fazendo uso freqüente do meio auxiliar disciplinador da época. Meu quinto ano coincidiu com a criação da escola Castro Alves no nosso rincão, mais exatamente no galpão de casa. Ainda tive uma outra professora: Lenir Disconzi (que logo foi embora, quando aprendi sobre a saudade). Como meus pais não haviam decidido me mandar para cidade, repeti duas vezes o quinto ano. Em 1973, vim para Santiago, matriculado no então Colégio Polivalente (hoje Lucas Araújo de Oliveira). Na sexta série, turma 6, passei a ter um(a) professor(a) para cada disciplina. Não me esqueci de seus nomes. Sou profundamente grato a todos eles. Uma das maneiras de demonstrar este sentimento é escrever em defesa de seu trabalho, desvalorizado pela sociedade (de uma forma velada) e pelo governo estadual (abertamente).

Nenhum comentário: