sábado, 12 de março de 2011

VIÉS ESPECISTA

Antes de o homem tomar consciência de si mesmo, de se colocar como apoteose de uma criação divina, as grandes manifestações naturais (vulcanismo, glaciações...) não provocavam catástrofes, simplesmente porque não havia se desenvolvido esse especismo humano. Clãs, tribos, povos inteiros eram dizimados sem que tal fosse considerado uma "vingança" da Natureza, um mal sequer atribuído a forças de outros mundos. Nosso ancestral sobrevivente continuava instintivamente agarrado à vida, o bem maior. O desenvolvimento da consciência transformou-o num ser dual, fechado em relação aos instintos básicos (como sempre fora antes) e aberto em relação ao mundo do artifício, da cultura (que se descortinou como uma antinatureza). Deslocamentos e choques entre as placas tectônicas, terremotos e tsunamis continuarão a ocorrer, independentemente da existência do homem, portanto, para muito além da existência do homem (que não mais viverá para registrar essas catástrofes). 

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