"... juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito..."(Excerto do Juramento de Hipócrates, atualizado pela Declaração de Genebra.)
A medicina é, desde a Antiguidade, uma das profissões mais admiradas, mais respeitadas e mais valorizadas pela humanidade. O médico, com o grande desenvolvimento técnico-farmacológico dos últimos séculos, passou a realizar "milagres", sendo visto quase como um semideus. Na história santiaguense, por exemplo, não são poucos os nomes que se destacaram pelo trabalho de grande relevo social, não limitado à saúde (entre os quais, Aureliano de Figueiredo Pinto e Rubem Lang).Profissão e profissionais, quando submetidos ao escantilhão da ética, sempre foram considerados fiéis observadores do juramento de Hipócrates. De segunda-feira a sábado, ouvindo o Jornal Falado da Rádio Santiago, são feitos agradecimentos a este ou àquele médico que atendeu pessoas internadas no Hospital de Caridade (?), independentemente se houve recuperação da saúde ou óbito.Poucos acreditariam, todavia, caso disséssemos que Santiago já foi notícia em âmbito nacional nos anos setenta. Alguns de nossos médicos formaram uma quadrilha para extorquir o INPS. Com a ubiquidade dos meios de comunicação, nestes dias, acompanhamos as barbaridades cometidas pelos hipócritas juramentados de Hipócrates. A crise ética e moral por que passa nossa sociedade, nosso país, não exclui os profissionais da medicina, cujo jaleco branco nem sempre reflete o caráter imaculado, mas disfarça um criminoso da mais alta periculosidade (como é o caso de Roger Abdelmassih). Todos sabemos ou calculamos o quanto ganha um jogador de futebol, um juiz, um deputado, um bancário, um general, um gerente de loja etc., uma vez que consta no contrato ou no contracheque. Na autonomia é diferente, conquanto o cidadão tenha que declarar todos os seus proventos no Imposto de Renda (IR). Em princípio. Aqui, numa região de economia primária, sabemos que ele ganha muito, pelos palacetes que constroem na cidade, pelas fazendas que tem no interior. Se a saúde das pessoas é um bem maior, aqueles que são autorizados a preservá-lo sabem perfeitamente como transformar tal exclusividade num bem econômico. Interessante observar que a crise ética e moral (acima referida), não raro, constitui uma condição para o sucesso profissional. Este sucesso, com a mesma frequência, não depende da constante especialização e, por conseguinte, da competência de quem o alcança. O crédito que usufrui o médico junto ao senso comum, da mesma natureza do mito, no entanto, funciona como uma redoma contra a exposição de seus erros, geralmente atribuídos à instituição hospitalar a que ele está vinculado (ou aos planos de saúde usurpados por uns e outros). Não bastasse o apoio popular, tal credibilidade é corroborada pela lei, que delega poderes absolutos ao denominado (quase metafisicamente) de "doutor".
"... juro cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue: estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito..."
(Excerto do Juramento de Hipócrates, atualizado pela Declaração de Genebra.)
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