Conheci Santiago aos 13 anos. Nascera e me criara no interior, Rincão dos Machado (entre a fazenda dos Marchiori e o Mato da Erva). Nessa localidade, era muito difícil encontrar alguém nas estradas que cortavam os campos do vô Fermino. Sob um cinamomo, de vez em quando, o pai levantava a mão para cumprimentar um conhecido que cruzava além da cerca, a duzentos metros. Foi grande meu espanto com a quantidade de gente que vi na cidade que até há pouco chamavam de Povinho. Uma verdadeira multidão andando nas ruas, dezenas de milhares. Alguns anos mais tarde, me mudei de mochila para Porto Alegre (onde cursei um ano de Belas Artes). Novo choque. O número de gente era mil vezes maior, passando de um milhão. Boquiaberto, me atontava em plena Rua da Praia. Três anos depois, passando por São Paulo, fui morar no Rio de Janeiro. Pessoas às dezenas de milhões. Difícil para o interiorano aqui aguentar um ano, preso a uma metrópole. Imaginava como seria na Cidade de México, Tóquio, Pequim, Nova Iorque... Então me dava conta que há muita gente no mundo, acima de seis bilhões. Por nove anos, residi em Curitiba. Cidade sorriso até os anos oitenta, antes de congestionar de gente. A Rua das Flores, em certos momentos, parecia uma Loja Americana em liquidação. No Pantanal Mato-Grossense, voltei aos braços da mãe Natureza. Forte de Coimbra, Vila das Cobras, seria agradável não fosse o calor e o mosquitada. Doze anos depois de ter saído pela segunda vez, retorno para Santiago. Nos fins de semana, pego minha mochila e me vou ao Rincão dos Machado. Gosto de lá, onde as manhãs são feitas de pássaros, e as noites, de estrelas.
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