No estudo da crase, que uma vida não é suficiente para concluí-lo, nossos professores de Língua Portuguesa sempre batem na mesma tecla das regras e dos pecados, condicionando a fusão apontada pelo acento grave às palavras subsequentes.
Eles nos ensinam que devemos trocar o substantivo feminino por um substantivo masculino após o “a”; se, com a troca, a contração “ao” for necessária, então há crase (encontro da preposição “a” e o artigo ou pronome “a”).
Eles nos ensinam que antes de verbo, por exemplo, não ocorre a crase pela ausência do segundo “a”.
Todavia, continuamos a indicá-la onde não existe e a ignorá-la onde é obrigatória.
Eles não nos ensinam o “pulo do gato”, que consiste em mostrar a importância do que vem antes do “a”.
Os verbos e nomes que exigem um complemento são chamados regentes ou subordinantes. Os verbos transitivos indiretos requerem uma preposição para se ligar ao complemento, ou objeto indireto. Os nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) necessitam de um complemento nominal, sempre introduzido por preposição.
O verbo “obedecer” constitui um exemplo muito conhecido de transitivo indireto: obedecer a. O substantivo “obediência”, o adjetivo “obediente” e o advérbio “obedientemente” também seguem a regência de origem: obediência a, obediente a, obedientemente a.
A relação de verbos, substantivos, adjetivos e advérbios que necessitam de complemento é imensa, impossível de ser apreendida ou memorizada.
Dessa forma, ninguém sabe tudo sobre crase (como já ficou subentendido acima).
Para dirimir as dúvidas que surgem na hora da produção escrita, o mais correto é fazer a consulta de um bom dicionário, que tenha a transitividade do verbo e exemplos de construção frásica (como o grande Houaiss).
Essa pesquisa metalinguística, diga-se de passagem, não basta.
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