No dia de hoje, minha mãe faria 74 anos de idade. Infelizmente, o tempo verbal indica algo que não mais se realiza. A partir de 2006, o 15 de abril me faz lembrar a morte dessa pessoa especial. Uma triste coincidência: ela faleceu no dia de seu aniversário. Desde então, passei a sofrer uma crise emocional ainda não superada.
Dalva Fiorenza de Oliveira nasceu no distrito de Ernesto Alves, filha de Camilo Fiorenza e Maria Colpo. A menina de olhos azuis, franzina, auxiliava no trabalho pesado com a cana-de-açúcar. A família sobrevivia numa encosta inacessível que termina abruptamente no Rosário (alguns quilômetros da vila, rio acima).
Por mais difícil que fosse a vida naquele tempo, a mãe trazia boas recordações. Ao longo da minha infância, contava-me algumas histórias interessantes. Numa das melhores, ela acompanhava sua mãe ao Curussu, onde o trem talvez trouxesse uma carta do irmão mais velho (que fora embora para o Rio de Janeiro).
Uma longa caminhada até a estação, cheia de expectativa; uma longa caminha de volta para casa, com o coração partido pela saudade.
Quando moça, já de namoro com Átilo Soares de Oliveira, mudou-se com os pais para a Sédia (Ernesto Alves), em processo de urbanização.
O casamento levou-a para o distrito de Vila Florida, dos campos bonitos que se perdem de vista.
Cinco vezes deu à luz: eu, Maria, Tânia, Marcos e Cláudio. Todos crescemos com roupas sempre limpas, como trazia a casa. O capricho constituía uma de suas características pessoais. A comida preparada por ela era bem feita e deliciosa.
Mulher laboriosa e inteligente, disposta para as grandes jornadas. Muitas vezes, fomos a Ernesto Alves a cavalo.
Esses passeios eram memoráveis: do Brasil à Itália.
O tempo passou - e passa. Leva-nos sem compaixão. Há cinco anos, foi a vez da minha mãe, fechando para sempre seus olhos azuis.
.
(Coluna do Expresso Ilustrado deste dia 15 de abril.)
2 comentários:
Caro Froilam.
Mais uma vez sou-lhe solidário.
Todo o tempo que dedicarmos em agradecer a existência, ao convívio, aos ensinamentos, aos exemplos a nós transmitidos por estes seres maravilhosos, é pouco. Abdicam da vida em favor da família. Tornam-se feras na defesa de seus filhos.
Mães são pérolas
Quem a perdeu, mais valoriza
O aperto no coração
É como o aperto da mão
De quem a pérola possui
Meus sentimentos!
Postar um comentário