Arco e flecha foram a arma que o homem empregou por longos milênios, para matar a caça e vencer o inimigo (não necessariamente nessa ordem). Sua invenção tem uma importância que nunca será corretamente superestimada, a ponto de dizer que o homem não teria sobrevivido sem ela. Milhões e milhões de guerreiros a usaram com o mesmo fim, de uma forma eficiente os nossos ancestrais. Até que um dia, um belo dia, distraidamente, alguém percebeu o som que emitia a corda retesada pelo arco. Um som diferente, não produzido pela natureza. De repente, num dos insights mais brilhantes da cultura humana, esse alguém fez repetir o som, vibrando várias vezes a mesma corda distendida. Ao juntar dois arcos, vibrou as cordas ao mesmo tempo ou uma de cada vez. A princípio, gostou do que fez, do que ouviu. Para não juntar dois ou mais arcos para a brincadeira, ele prendeu duas ou mais cordas no mesmo arco. Percebida a música, inventou-se a harpa (necessariamente nessa ordem). Por isso, ela é tão antiga, anterior aos caldeus, egípcios, gregos e romanos. Não mais necessitando da arma, o homem a transformou em instrumento musical. O caçador virou artista. O mundo ganhou mais sentido a partir dessa evolução estética.
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