Um dos livros de Platão, Apologia de Sócrates, constitui o relato mais fidedigno da acusação, julgamento e morte de Sócrates. Entre os principais acusadores do grande sábio grego, havia um político (Ânito), um poeta (Meleto) e um zé-ninguém, sem expressão, representante do populacho.
Vocês sabem quais eram as acusações contra o filósofo?
Não reconhecer os deuses do Estado, introduzir novas divindades e corromper a juventude.
Dessas três, a mais objetiva, sem defesa, consistia na primeira.
Os deuses gregos estavam em fim de carreira. Todos os olimpianos, a começar pelo mais poderoso entre eles, Zeus. A filosofia, que ali teve seu nascedouro, prestou esse serviço de grande monta, reduzindo a religião grega ao mito, e o mito, a ricas metáforas e alegorias (como o fez Freud na Psicanálise).
Volto a tocar numa mesma tecla: quem teria coragem de dizer que Zeus não existia, mesmo na época de Sócrates? Ninguém. Não obstante, Zeus não existia, a não ser imaginariamente na cabeça daqueles que criam nele (daqueles que o criaram).
Sócrates era decadente (escreveu Nietzsche em O crepúsculo dos ídolos). Toda a civilização grega o era naquele momento histórico.
Nossa civilização não estaria em processo degenerativo ao revelar sinais de desmistificação do deus judaico-cristão que a caracteriza ab origine?
Ao fazer tais inferências, acaso serei acusado por isso? A propósito, já bebo a cicuta que destila do coração de certos crentes em Yhwhy-Deus.
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