A blogosfera santiaguense se agita com uma postagem feita por Dayana Pessota Leite no Blog do Vulmar Leite. Dayana expressa sua posição - um tanto idiossincrática - contra o gênero autobiografia e conclui seu enunciado desta forma:
"Um dos meus desejos de Natal, portanto, é que as autobiografias fiquem restritas à biblioteca familiar e que desapareçam das livrarias, sebos e lançamentos de feiras de livro".
Fazendo uso de um chavão empregado por Jô Soares em seu programa de entrevistas na Rede Globo, não querendo me intrometer e já me intrometendo, arrisco algumas considerações.
Se fui piegas, citando o humorista global, corro o risco contrário em parecer pedante ao transcrever a tradução mais aproximada de uma frase de Voltaire:
"Posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo".
(A propósito, esse dito voltairiano já se transformou num clichê.)
Fundamentado no direito da livre expressão, sem incorrer nos crimes tipificados pela Carta Magna, penso que a jovem Dayana exerceu esse direito, posicionando-se contra a publicação do gênero autobiográfico. Infelizmente, seu Natal será incompleto, uma vez que o desejo acima manifestado não se realizará. As autobiografias continuarão a circular, a serem produzidas por muitas pessoas. A última que li, Confieso que he vivido, de Pablo Neruda, é simplesmente extraordinária. Seria um prazer a menos em minha vida de leitor, caso o poeta resolvesse guardar os originais nalguma gaveta secreta de Isla Negra.
O direito usufruído pelo chileno, Nobel de Literatura, não é exclusivo, pessoal. O direito de escrever sobre si é universal, embora seja cerceado em muitos países (quem sabe a partir de uma apreciação negativa de seus governantes).
...
(Continuo mais tarde)
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