sábado, 29 de novembro de 2008

LEMBRANÇA DE BLUMENAU


Dentro das Forças Armadas, a distinção entre "civil" e "militar" é bastante evidenciada, principalmente para auxiliar no processo de internalização dos valores que caracterizam o soldado, entre os quais se sobressai a (auto)disciplina. Para se tornar um militar, o civil necessita de um período de adestramento, quando lhe são ministradas as mais diversas instruções. Há doze anos, para falar com conhecimento de causa, dou aulas para a formação de motorista ou para a adaptação às viaturas militares (àqueles que já possuem a CNH). Mesmo que se resumisse a essa função, meu trabalho dentro da Força já estaria plenamente justificado. Em favor de todos os militares, é interessante frisar que o soldado (do general ao recruta) não perde sua condição civil. Somos militares e somos civis. Isso representa um ganho individual e coletivo. As missões de paz são a prova disso. Da mesma forma, a participação assídua e indispensável para fazer frente às catástrofes naturais, como a que vivem os habitantes do litoral norte de Santa Catarina. Por conhecer muito bem aquela região, justifico uma mudança no enfoque da presente postagem para escrever sobre minha passagem por Blumenau, uma amizade em Itajaí, um poema em Itapoá. Como mecânico, participei de uma equipe que se deslocou de Curitiba para prestar auxílio aos quartéis de Joinville e Blumenau. Em 1986, as viaturas envolvidas no trabalho para debelar os efeitos da grande enchente que ocorrera no Vale do Itajaí em 1983, encontravam-se em péssimo estado. No 23º BIMtz, por exemplo, fizemos a manutenção de 8 caixas de mudança Willys (entre outros serviços). Depois do trabalho, no final de tarde, saíamos para conhecer uma das cidades mais bonitas do Brasil. Ainda havia a marca da água em muitas casas, onde não imaginávamos tão alto o alcance do rio. A Oktoberfest, a maior festa do chope do país, foi criada em 1984, para levantar a moral dos blumenauenses. Há alguns dias, meu amigo Ruy vem me mandando mensagens eletrônicas, apavorado com a catástrofe deste ano. Disse-me que chovia há 17 fins de semana em Itajaí. Nos últimos dias, vi pela televisão o estrago causado na cidade de Itapoá, pequena cidade de veraneio, com uma bela praia, localizada na divisa com o Estado do Paraná. Nessa situação, sou mais humanista: não posso culpar os homens por habitarem um vale que, de tempo em tempo, sofre um violento arrastão das águas (canalizadas naturalmente). Requião, quando prefeito de Curitiba, discursou que não poderia fazer muita coisa pelos flagelados de uma cheia do rio Iguaçu: os moradores é que invadiram o leito do rio, não o inverso. Certos ecologistas adoram discursar numa hora dessas, como se comprovassem suas teorias catastrofistas. Tragédias ambientais ocorrem freqüentemente nos mais diversos lugares do planeta, desde o dilúvio narrado no Livro de Gilgamesh (e mais tarde incluído na Bíblia pelos escribas do Rei Josias, como uma história dos hebreus). Em todas as reportagens televisivas, para retomar o assunto do início desta postagem, aparecem militares envolvidos no atendimento às pessoas atingidas pela cheia. Certamente, eles estão lá cumprindo ordens superiores, mas com uma consciência altamente evoluída, com um espírito de solidariedade humana a toda prova. Gostaria muito de participar dessa missão de apoio aos habitantes do Vale do Itajaí. Talvez visite meu amigo Ruy nas próximas férias.

Um comentário:

RUI MELO disse...

Caro amigo Froilam, valeu o que voce relatou em Lembrança de Blumenau. Espero que realmente quando voce se utilizar de suas férias e vir a Santa Catarina voce venha em nossa casa agraciar com sua honrrosa visita, que de portas abertas estaremos a receber o amigo de sempre! Itajai e seu amigo Rui e famíla receberá voce com um grande abraço.