quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LABOR(ATÓRIO) POÉTICO

O poeta necessita desafiar a própria imaginação, aventurar-se para fora da realidade que o aprisiona num contexto espácio-temporal. Não sou imaginativo, reconheço sem o menor constrangimento. Para superar essa limitação, exercito quase todos os dias. O conhecimento que já adquiri pouco me auxilia. Meus melhores poemas não resultaram do esforço racional, da técnica, mas de um estalo epifânico, que, exagerando um pouco, pode ser melhor definido como insight.
A lembrança de um reflexo do guarda-chuva que eu usava na quinta-feira passada, ao passar em frente ao Banco Sicredi, tornou-se a temática do que ainda não posso chamar de poema. A seguir, transcrevo o resultado inconcluso da minha aspiração poética:
oo
reflexos
de guarda-chuva
asas de nuvens
partidas

a praça flutua
barco
sem vela
rosto de santa
no mastro

(por trás
da cortina d’água)
uma porta
se entreabre
...
sapatos gastos
inchados
toda encharcada
a cidade.
...
Minha caderneta de bolso está cheia desses rascunhos.

Nenhum comentário: