Desde que li o romance A insustentável leveza do ser, de Milan Kundera, não mais esqueci esta interessante oposição explorada pelo escritor: peso versus leveza. Alguns de meus poemas versam sobre o peso da metade de tudo o que existe (dentro e fora de mim), e da leveza da outra metade. Nos anos noventa, li Seis propostas para o próximo milênio, de Ítalo Calvino. O primeiro ensaio (conferência que o autor daria na Universidade de Harvard) do livro é Leveza. Da oposição acima, o autor argumenta em favor da leveza, reconhecendo que seus escritos no mais das vezes traduziu-se como uma subtração do peso. Calvino cita Kundera (como o fiz nesta postagem). "Seu romance A insustentável leveza do ser é, na realidade, uma constatação amarga do inelutável peso do viver: não só da condição de opressão desesperada e all-pervading que tocou por destino ao seu desditoso país, mas de uma condição humana comum também a nós". Eis outras obras citadas pelo ensaísta, como exemplo de leveza: Metamorfoses, de Ovídio; De rerum natura, de Lucrécio (primeira grande obra poética em que o conhecimento do mundo se transforma em dissolução da compacidade do mundo); Decamerão, de Boccaccio (em que aparece o poeta florentino Guido Cavalcanti); A fera na selva, de Henry James; peças de W. Shakespeare (Sonho de uma noite de verão, Hamlet...); As viagens de Gulliver, de Jonathan Swift; o conto O cavaleiro da cuba, de F. Kafka.
Os outros ensaios do livro Seis propostas pra o próximo milênio são rapidez, exatidão, visibilidade e multiplicidade. O último, sobre a consistência, não foi escrito por Calvino, em razão de sua morte.
Como o mundo dá voltas, os livros acabam voltando as nossas mãos. Seis propostas para o próximo milênio foi emprestado a Erilaine pela professora Tânia Brum.
Como o mundo dá voltas, os livros acabam voltando as nossas mãos. Seis propostas para o próximo milênio foi emprestado a Erilaine pela professora Tânia Brum.
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