quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

IDEAL VERSUS REALIDADE


Uma coisa é o ideal, outra é a realidade. Essa oposição é de uma abrangência grande e verdadeira. Em muitos casos, ela apresenta um abismo quase intransponível entre um lado e outro. Toda ponte, antes de constituir o real, já figura como idealização. Cito um exemplo, para ser mais claro: o trânsito. A realidade no trânsito é composta por indivíduos humanos (condutores, pedestres, agentes), veículos automotores, vias, leis, sinais, congestionamentos, acidentes, mortes etc. O ideal é que funcione sem problema algum. O conhecimento das normas de circulação, ao contrário das análises que o colocam no plano inexistente, é uma condição real. Sem esse conhecimento não haveria trânsito. Falta é uma ponte entre o saber e a prática, que depende exclusivamente de cada condutor na hora em que transita por uma via qualquer. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) dá nome a essa ponte: direção defensiva. Falta responsabilidade ao atravessá-la, bom caráter. O condutor sabe o que significa a placa de “Pare”, mas não para. Da mesma forma, sabe o que significa a placa de velocidade máxima permitida, mas ultrapassa o limite com uma volúpia incontrolável. A maioria dos problemas no trânsito ocorre na junção de uma coletora e uma arterial (vias urbanas), ou nas curvas e ultrapassagens nas rodovias e estradas (vias rurais). Para ser mais realista, em qualquer ponto das rodovias, principalmente, uma vez que o risco está na alta velocidade. Salvo raríssimos casos, a pressa é uma justificativa implausível. Nunca justifica o acidente (como ocorreu, infelizmente, com o meu amigo Gilvan). A alta velocidade é uma realidade e é um ideal, sem ponte entre uma e outro (por isso a volúpia). Todavia, o abismo é sempre possível. 

Dedico o texto acima aos meus amigos Paulo Pinheiro e Jones Diniz, da nossa querida Rádio Santiago. Paulo, boas férias! 

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