segunda-feira, 20 de abril de 2009

ÍDOLOS DE BACON

Uma das páginas mais brilhantes da Filosofia foi produzida por Francis Bacon, empirista inglês que rompeu com uma tradição de dois mil anos. O conhecimento filosófico, ao longo desse tempo, ou se restringia a repetir Aristóteles, ou se teologizava a partir das igrejas e mosteiros católicos. Bacon foi o primeiro a se dar conta que nenhum outro conhecimento evoluiria sem um expurgo do intelecto, o qual se encontrava viciado em erros diversos. Esses erros eram de quatro tipos, que o pensador chamou de “ídolos”. Ídolos da Tribo: a tribo humana vê as coisas com olhos que as deformam antropomórfica e antropocentricamente. A humanidade tinha a Terra como centro do Sistema Solar, ao se colocar como referência, no centro. Ídolos da Caverna: são enganos peculiares a cada indivíduo, que vê tudo a sua volta como se estivesse dentro de uma caverna, representada pelo seu modo de ser, por sua disposição de corpo e de espírito. Ídolos do Mercado (ou foro): erros gerados pela ambiguidade das palavras, pela falta de comunicação entre os homens. Muitas vezes, de meras abstrações, os nomes passam por coisas, seres e fenômenos tangíveis. Os filósofos (ou teólogos?) elucubram sobre a “primeira causa não causada” ou sobre o “primeiro motor imóvel”, como se isso fosse possível. Ídolos do Teatro: equívocos decorrentes das próprias ideias filosóficas, dos sistemas que não passariam de peças teatrais na crítica de Bacon. Sem a elegância e a verossimilhança das histórias inventadas para o teatro. Quase meio milênio passado e percebo, com o mais profundo desencanto, que os homens continuam a cometer os erros estudados por Bacon. E muitos outros.

Um comentário:

Maria José Domingues disse...

Achei o seu artigo com muito interesse. Procurava exactamente esse assunto: os quatro erros de Bacon. Afinal ele não errou. Acertou nos quatro grupos de erros mais frequentes.