quarta-feira, 8 de abril de 2009

DIFÍCIL DE "ENGOLIR"

No último número de Seleções, revista que cai em qualidade a cada edição nas últimas décadas, foi publicada uma entrevista com Augusto Cury. Abaixo transcreverei algumas das perguntas feitas a Cury pela condutora da entrevista, com suas respostas. A prova é necessária para meus comentários a seguir.
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P. Por que o senhor não gosta de dar entrevista? (Paulo Coelho também não gostava no início)
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R. O culto à celebridade é o sintoma de uma sociedade doente. Raramente dou entrevistas, embora alguns órgãos da imprensa me considerem o autor brasileiro mais lido no país atualmente. Não sou melhor do que ninguém. [...] Prefiro o anonimato.
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Comentário: No mínimo, três abobrinhas juntas. (Houaiss traz uma excelente definição para o termo abobrinha). A afirmação de que "o culto à celebridade é o sintoma de uma sociedade doente" não é verdadeira. Qual a relação disso com o que diz em seguida, de que "raramente dou entrevista"? Diga-se de passagem, um fato que dificilmente pode ser comprovado pelo leitor. Para ser coerente, Cury não deve dar importância à sua celebridade, correto? Todavia, tem na ponta da língua o dado de que órgãos da imprensa o consideram "o autor brasileiro mais lido atualmente". Ao responder que não se acha melhor do que ninguém, incorre em falsa modéstia, ou ele não vê diferença qualitativa entre si e a "sociedade doente"? A maior das abobrinhas é dizer que prefere o anonimato. Ao dar uma entrevista para Seleções, ele não abre mão dessa preferência? Obviamente. Para manter-se no anonimato, o autor deveria ter um pseudônimo.
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P. Qual será o próximo lançamento?
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R. Meu próximo livro, que sai em maio, é a continuação de O vendedor de sonhos e vai se chamar A revolução dos anônimos. Nele, evidencio que os anônimos têm, no teatro social, uma grandeza tão ou mais admirável que os políticos ou os atores de Hollywood.
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Cury acredita no que diz? Os anônimos seriam mais admiráveis que os políticos ou os atores de Hollywood? Uma ova! Políticos e atores famosos deixam de pertencer ao "teatro social"? Talvez esteja nessas contradições e hipocrisias o segredo para vender tantos livros. Os leitores anônimos, que o leem sem criticidade alguma, pertencem à sociedade doente ou não?

Um comentário:

Gabriel Bortolot disse...

Nada contra sua opinião.
MAs leia um livro dele q vc entenderá o culto à celebridade...