sábado, 25 de abril de 2009

FOLHAS DE OUTONO

O lançamento de Folhas de outono, do Cácio Machado da Silva, aconteceu nessa sexta-feira, no Centro Cultural. O espaço ficou pequeno para abrigar todas as pessoas que compareceram ao evento. O protocolo (conduzido pela Profª Simone), o coquetel e sessão de autógrafos, tudo perfeito. Uma noite especial.
Minha participação no lançamento:
O poeta historia um tempo que começa na infância e continua futuro afora, no sonho e na imaginação. O gênero que produz constitui o registro de suas percepções, de seus sentimentos... Pelo menos, é isso o que se depreende da poesia do Cácio Machado. No seu livro de estreia, o poeta abriu um baú na memória, de onde voaram as lembranças como pássaros amestrados. Em Dias de sol e vento, há um guri contumaz em se apoderar do discurso, para falar de essências de saudade, dos cheiros do pão de fôrma, dos temperos, da grama, do vento antes e depois da chuva... Isto é preciso destacar: o eu-lírico (sinestésico) amalgama sensações olfativas, visuais, táteis, auditivas... Outro predicado com que o sujeito faz a sua enunciação diz respeito à oralidade, que a transposição da fala cotidiana, com seu ritmo natural, espontâneo. O próprio autor tem consciência dessa qualidade, ao dedicar seu Folhas de outono "Aos poetas analfabetos que viveram em poesia e não puderam deixar uma só linha de suas maravilhas". Nesse livro, mantida é a característica discursiva daquele, textualizada na epígrafe e na introdução, em que o Cácio cita um professor (el arte es siempre arte sobre el arte) e escreve que "Folhas de outono segue o rastro simples de Dias de sol e vento". O vento que fez soprar em dias de sol ainda sopra para sustentar a pandorga e para apanhar suavemente as sazonadas folhas de outono. [...] A arte, ou se detém nos seus elementos formais, intrínsecos à palavra, ao verso e ao poema, ou privilegia o conteúdo, como passou a caracterizar a produção poética a partir de 1922. Ainda que sem descuidar dos significantes, Folhas de outono é significado, mesagem, diálogo entre o Cácio e seu eu íntimo; entre o eu-lírico e uma segunda pessoa, ora presente, ora distante; entre o autor e o leitor. Em meio a esse jogo enunciatório é possível identificar certas epifanias, que significam apreensão quase intuitiva da realidade por meio de algo geralmente simples e inesperado. [...] Folhas de outono é... um fruto extemporâneo, cujo sabor posso lhes adiantar, é de uma doçura...

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