Há pessoas que têm obcecação por ouro enterrado, ou enterro de dinheiro. Um dos meus tios mais gente fina vive arrastando aparelho pelas fazendas antigas da região. Antes de sair para suas aventuras, não consegue esconder a euforia, o deleite antecipado da fortuna fácil. Contra a discrição que exige seu trabalho, fala abertamente ser batata dessa vez, certo o êxito da procura. Depois retorna sujo de terra, cansado, com sono. Não duvido que ele acabe encontrando uma panela em suas incursões noturnas algum dia. Na Vila Florida, um de seus habitantes de antanho chamava-se Florzinho (a propósito). Ele morava numa casa extremamente humilde, ao lado de um corredor estreito, casado com Leonarda (conhecida por Lonarda), que lhe dera uma penca de filhos. Florzinho alimentava a rica fantasia de encontrar dinheiro enterrado. Um obcecado. Rapazes galhofeiros da vila resolveram aprontar uma boa com o pobre homem. Amarraram um rabo de palha e uma lata com pedregulhos numa égua, meteram fogo e soltaram o animal no dito corredor do Florzinho. Na hora em que a “assombração” passou voando à porta do casebre, a família jantava um prato de quibebe*. Florzinho saltou pra fora, gritando para que os outros o seguissem atrás da mãe-do-ouro. Diz a crença que essa entidade mítica indica a posição do ouro enterrado. Até Lonarda correu em companhia dos menores. No final da corrida, Florzinho e os seus perceberam a galhofa, não restando outra coisa a fazer senão voltar exaustos para casa. Do jantar que fora suspenso, nada mais sobrava: os gatos haviam caído de boca no quibebe.
* Papa de abóbora cozida, com pitada de sal e tempero verde.
3 comentários:
adorei essa imagem da mãe do ouro e eu também gostei da sua lenda la é diferente mais grande boa mais grande mais eu goste....
adooorei e vc tambémmm
adorei essa imagem da mãe do ouro e eu também gostei da sua lenda la é diferente mais grande boa mais grande mais eu goste....
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