domingo, 11 de janeiro de 2009

CULTURA VERSUS CULTURA


No sentido real, os homens passaram a fazer cultura entre dez e doze mil anos atrás. O cultivo da terra e a criação de animais foram atividades concomitantes desde o princípio. Desde o princípio, elas asseguraram a sobrevivência aos seus agentes humanos. Sobrevivência e riqueza. Noutra acepção, significando crenças, costumes, conhecimentos, artes..., a cultura constitui a marca que distingue excepcionalmente nossa espécie. Isso ocorre desde os primeiros hominídeos, há mais de um milhão de anos. Instrumento de pedra, tática de caça, descoberta e utilização do fogo, linguagem, pintura rupestre, criação de deuses e demônios, tudo classificado como cultura. Outro produto cultural é a guerra (cuja genealogia foi vislumbrada cinematograficamente por Stanley Kubrick, em 2001 – Uma odisseia no espaço). Caim e Abel, irmãos no mito genesíaco, são alegorias de um conflito que certamente existiu entre povos agrícolas e pastores. Dez mil anos se passaram, o confronto no campo continua, agora entre sem-terra e latifundiários. A cultura da terra ainda é uma questão de sobrevivência. Para um continente inteiro (à sombra do terrível espectro), certamente o é. A cultura do lucro, iniciada há poucos séculos, provocou desequilíbrio em toda parte, incluindo o meio ambiente. No microuniverso santiaguense, percebe-se a ascendência da cultura ligada à criação e difusão das artes, mormente a literária.
(Ensaio para a próxima coluna do Expresso Ilustrado)

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