I
A
filosofia significa para mim um despertar,
que me faz abrir os olhos para a realidade, para o mundo. Antes do pensamento e
da reflexão, filosofar é ver o que é. Minha autoiniciação tem local e tempo
memoráveis: Porto Alegre, 1981. Nos últimos 38 anos, portanto, em nenhum
momento me ocorreu a dúvida se deveria considerar ou não a leitura de
Krishnamurti a primeira prova de que filosofava desde então.
II
O
conhecimento dos grandes pensadores (suas ideias principais, seus sistemas) não
é filosofar propriamente. As leituras me auxiliam a elaborar um discurso
pessoal, uma fala e uma escrita sobre o que partilhar com os outros. Em
Nietzsche, por exemplo, absorvo o que fecha com a minha reflexão filosófica, a
qual tampouco é dirigida pela academia. Mesmo assim, reconheço a importância de
chancelar meus textos com o aposto “filósofo”. Por isso, estudo filosofia à
distância na Unisul desde 2012 e passei a frequentar a Associação Franciscana de
Ensino Senhor Bom Jesus, em Curitiba, no ano presente.
III
A
turma a que pertenço é constituída 85,7% de frades e postulantes, todos
internos em conventos franciscanos. Os demais somos três: outro homem da minha
geração, uma menina e eu. Estou feliz por viver essa experiência maravilhosa de
receptividade, humildade, tolerância. Entre os professores, três são teólogos,
que seguem Platão, os santos da Igreja Católica, Descartes e outros não indicados
a um nietzschiano, neo-ateu.
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