domingo, 29 de novembro de 2009

UMA METÁFORA

O mundo financeiro é comparável a um edifício gigantesco, ora em acelerada construção, ora parado (aguardando recursos, inacabado). Para não fugir ao frame, os países são empreiteiros que, ora aplicam suas economias na obra babélica, ora esperam apoio de outros construtores.
Há pouco tempo, depois de 80 anos, o edifício esteve por vir abaixo, em razão de uma ruptura interna, a ponto de colocar em dúvida a própria credibilidade do empreiteiro mais poderoso. Mal houve a retomada dos trabalhos, outro associado da obra colossal vê-se forçado a descer das alturas. O ritmo imposto em sua área se acelerou de tal forma que confundiu as atividades dos demais (muito abaixo) com ociosidade. A ousadia e extravagância desse novo empreiteiro, bancado pelos petrodólares, já tem um nome, uma alegoria: burj dubai.
De repente, uma tempestade de areia se assoma no horizonte, para espanto e fuga daqueles que, assentando um único tijolo, sonhavam ganhar um apartamento inteiro.
E agora? O edifício está lá, ainda cercado por andaimes e gruas. Tecnicamente abandonado.
Há o risco de tudo o que cresceu muito rapidamente ruir sobre a cabeça dos que continuam seu trabalho. Estes, ou reforçarão suas plataformas, ou a abandonarão para recomeçar outro empreendimento (imobiliário).
Num futuro próximo, ou distante, Dubai poderá ser retomado pela arte da luz - câmera - ação, executada pela indústria cinematográfica, como cenário futurista, ou escatológico, de fim do mundo (muito ao gosto da ficção científica). O cinema, diga-se de passagem, faz parte do mesmo edifício construído pelo capital financeiro. Afinal, nem só as crianças necessitam de playground.

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