O palestrante falou sobre o comportamento dos estudantes da Universidade Bandeirante, que hostilizaram a colega que compareceu ao campus dentro de um microvestido. Os jovens, segundo ele, pareciam uns bárbaros, embora suas agressões não tenham extrapolado o âmbito discursivo. No fim da palestra, fui ao encontro do professor para cumprimentá-lo e pedir-lhe que poupemos os bárbaros. Tudo o que de pior acontece nestes dias, décadas e séculos é uma consequência do processo civilizador. Os bárbaros, pelo pouco que se sabe deles, não praticavam a violência gratuita contra indivíduos de sua comunidade. O cultivo da terra fez o homem mais sociável, por força do sedentarismo. Dessa forma, devemos evitar a comparação entre nossos criminosos e os pré-históricos. No mínimo, ofenderíamos aqueles que foram responsáveis pela sobrevivência humana. A denominação de “barbárie” ou “selvageria” a tudo que excede em crueldade não ajuda a preservar a natureza e o caráter sacrossantos que se queira dar ao civilizado, por mais arraigada a crença religiosa, por mais racionalizado o preconceito etnocêntrico. O furdúncio na UNIBAN é muito pouco para ser levado a sério. O comportamento dos universitários, longe de caracterizar um barbarismo, demonstra uma fraqueza (já vislumbrada por Nietzsche como excesso de sensibilidade). No imenso fundo de genes que conserva nossa espécie e de memes* que compõem nossa civilização, ocultam-se unidades teratogênica, formadoras de “monstrinhos”.
* Unidades de informação que se multiplicam de cérebro em cérebro, ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros).
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