quarta-feira, 22 de agosto de 2007
PRECONCEITO VETUSTO
Por que não discutir gosto, política e religião? Repetidas vezes, ouvi pessoas sérias concluírem seus diálogos com a evasiva desse vetusto preconceito. Elas interrompem a controvérsia antes que sejam obrigadas a reconhecer o equívoco de suas opiniões, de seus gostos. Toda idiossincrasia busca amparo na própria subjetividade. Algo que beira o ridículo. Não há limite. Não há padrão. A lógica é desdenhada como se fosse apenas um devaneio filosófico, um princípio matemático apenas. Não uma imanência necessária à vida. O relativismo individual, não raro, acaba negando essa lógica (presente na estética, na gastronomia, em tudo). A troca de enunciados, que se efetiva através do diálogo, constitui o fundamento da dialética. Quando isso é evitado ou até mesmo proibido, tem-se uma relação de desequilíbrio, uma condição propícia para o ditatorialismo (na política) e para o dogmatismo (na religião). Três mil anos após os gregos terem descoberto e implantado a democracia, os governantes ainda são inclinados a evitar o diálogo, o confronto. Eles atuam de uma forma subliminar (na educação, por exemplo), ou empregando a força. Ao longo da Guerra Fria, tanto nos EUA (e pró-americanos) quanto na URSS (e nos pró-soviéticos), a conversa política era um tabu difícil de ser quebrado. O perigo consistia na possibilidade de um capitalista aceitar o socialismo, como verdade, e vice-versa. Com respeito à religião tradicional (cristã), a proibição se afigura, desde a origem, um dogma não-revelado. Qualquer ceticismo, qualquer dúvida acerca do estabelecido já foi considerada uma heresia, um ato ofensivo que levava à fogueira durante a Inquisição. O cristão que conversasse com um ateu, corria o risco de ver esfumar sua religiosidade. Pensem nisso e discutam seus gostos, opiniões e crenças.
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