Platão, o primeiro grande filósofo grego, defendia que o Estado deveria ser governado pelos seus homens mais sábios. Numa viagem à Sicília, fez amizade com Dionísio o Antigo, tirano de Siracusa, mas acabou sendo vendido como escravo. De volta a Atenas, fundou uma escola, conhecida pelo nome de Academia. Seu interesse pela política, todavia, não se definhou com a primeira experiência. Mais de uma vez, foi à corte de Dionísio o Moço, então sucessor do Antigo. Em Siracusa, Platão tencionava colocar em prática suas idéias políticas. Dessa vez, foi preso pelo amigo (mui amigo!).
No século XVIII, alguns países da Europa experimentaram uma forma renovada de governo, mesmo sem abrir mão do absolutismo real: o despotismo esclarecido. Os reis se cercaram de pensadores e sábios, como idealizara Platão. Frederico II, na Prússia; Catarina II, na Rússia; Maria Teresa e José II, na Áustria; Filipe V, Fernando VI e Carlos III, na Espanha; D. José, em Portugal. Esses soberanos nomearam ministros inteligentes, fato político que muito contribuiu para a evolução de seus estados. Sem Marquês de Pombal, por exemplo, certamente, Portugal não teria escapado de um ostracismo político, econômico e religioso que o afastaria do mundo europeu.
Santiago, guardadas todas as proporções, possui um governo (cuja sede é a prefeitura) e uma academia (representada pela Universidade).
Como livre-pensador, não repetiria o erro de Platão. Ainda confio na democracia. Não penso que os sábios devam governar. Isso não exclui a possibilidade de haver sábios entre os governantes. Nossa prefeitura nunca esteve tão bem. Em mãos de homens políticos, homens de ação.
Nossa universidade cresceu tanto nos últimos dez anos, sob a liderança de pessoas inteligentes e empreendedoras, que não necessitaria de um contraponto (à primeira vista). Sob os seus raios luminosos, inevitavelmente, cedo ou tarde, alguém surgiria como uma "cria" temporã do conhecimento por ela mesma propiciado. Não me declaro como tal, embora tenha algumas considerações (im)pertinentes. Faço-as, após os quatro anos e meio de graduação no Curso de Letras, nestes dias de pós-graduação (Leitura, Produção, Análise e Reescritura Textual). Penso grande, penso (na) URI. Novos cursos serão trazidos para o campus de Santiago. Mas as perspectivas que traço para um ponto de fuga futuro, não são otimistas (contrariando todo o otimismo que esta década de ouro propiciou com o ensino superior de qualidade em Santiago). Meu argumento não carece de números para ganhar em cientificidade. Basta citar apenas dois: outras universidades (a distância ou não) e o último censo. De repente, a URI cresceu muito para atender a demanda de novos universitários santiaguenses.
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