quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

CONFISSÕES DE UM NIETZSCHIANO


I
A filosofia significa para mim um despertar, que me faz abrir os olhos para a realidade, para o mundo. Antes do pensamento e da reflexão, filosofar é ver o que é. Minha autoiniciação tem local e tempo memoráveis: Porto Alegre, 1981. Nos últimos 38 anos, portanto, em nenhum momento me ocorreu a dúvida se deveria considerar ou não a leitura de Krishnamurti a primeira prova de que filosofava desde então.

II
O conhecimento dos grandes pensadores (suas ideias principais, seus sistemas) não é filosofar propriamente. As leituras me auxiliam a elaborar um discurso pessoal, uma fala e uma escrita sobre o que partilhar com os outros. Em Nietzsche, por exemplo, absorvo o que fecha com a minha reflexão filosófica, a qual tampouco é dirigida pela academia. Mesmo assim, reconheço a importância de chancelar meus textos com o aposto “filósofo”. Por isso, estudo filosofia à distância na Unisul desde 2012 e passei a frequentar a Associação Franciscana de Ensino Senhor Bom Jesus, em Curitiba, no ano presente.

III
A turma a que pertenço é constituída 85,7% de frades e postulantes, todos internos em conventos franciscanos. Os demais somos três: outro homem da minha geração, uma menina e eu. Estou feliz por viver essa experiência maravilhosa de receptividade, humildade, tolerância. Entre os professores, três são teólogos, que seguem Platão, os santos da Igreja Católica, Descartes e outros não indicados a um nietzschiano, neo-ateu.

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