Fim de tarde muito quente em São Luiz
Gonzaga.
O cenário na praça central e seu entorno está para confirmar uma ideia
que venho desenvolvendo sobre a sociedade desta região (não diferente de outros
lugares do nosso Estado, do país, da América Latina).
Aqui ainda não se vive a
evolução cultural oferecida pelo Iluminismo há mais de dois séculos. Esta
sociedade continua mais próxima da Idade Média do que da modernidade, não
obstante as mudanças de paradigma, fundamentadas no conhecimento científico e
filosófico elaborados desde o Renascimento.
Ao chegar a São Luiz, deparo-me com
a Feira do Livro às moscas e uma megaestrutura sendo preparada para o show de
abertura do mês natalino na cidade.
Em duas horas, não vejo um único visitante
procurar por um livro em qualquer uma das livrarias, repetindo-se o que ocorrera
nos dias anteriores, segundo o testemunho dos livreiros. As queixas destes têm um
destinatário certo: os organizadores (gente da Prefeitura).
Patrocinada pela
Endesa Cien, empresa fornecedora de energia elétrica, a feira não têm a
atenção merecida, tanto das autoridades municipais quanto do público. Um
fracasso completo, que pode ser sintetizado a uma história triste. Mãe e filha passam
em frente à Magia das Letras. A menina corre e apanha um livro infantil, cujo
preço era de dez reais. A mãe chama-lhe a atenção: “Solta essa porcaria!”.
Concluo que o desprestígio do livro, ou dito com outras palavras, a falta de
leitura, reflete o modus vivendi que
não inclui a razão como instrumento de construção social, ou a inclui apenas
como poder de racionalizar as próprias crenças (cristãs). O estado laico é uma
coisa não compreendida e não aceita pela sociedade, ainda dominada pelos memes medievais.
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