I - Natal e Réveillon estão destinados a se transformarem numa festa única. Em alguns aspectos, a "fusão" já pode ser observada nestes dias (na ceia e no foguetório, por exemplo). A religiosidade do primeiro cede espaço para o profano, a ponto do Papai Noel quase eclipsar a figura do Menino Jesus. A secularização do segundo passa a adquirir um caráter religioso pós-moderno: as pessoas fazem um balanço mais ou menos espiritual de suas vidas.
II - Natal e Réveillon se sustentam em mitos, autoenganos, mentiras. De uma forma bastante resumida: o Natal é de origem pagã; o Menino Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro; ele não é o que os cristãos acreditam ser; o cristianismo é uma religião ultrapassada; o Papai Noel não existe; a maior função dessa representação nórdica é comercial; o amor entre familiares é provisório (uma ilha cercada de distâncias); o 1º do ano foi instituído pelo senado romano (recuando de 1º de março a 1º de janeiro por um motivo meramente político); o próprio calendário é parcial, cheio de erros (limitado pela mítica cristã); o rito de passagem é exclusivo da civilização ocidental (nenhum fenômeno natural o delimita no espaço-tempo); toda esperança no novo ciclo contradiz o pouco de gratidão que os festeiros expressam pelo ciclo passado. O dia 31 de dezembro não é o dia 31 de dezembro. O dia 1º de janeiro não é o dia 1º de janeiro. Noutras palavras, a vida continua presa à mesma marcha de Cronos. Esses dois dias são apenas dois dias, como qualquer outros dois dias do ano.
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