A
campanha Santiago Solidário propunha
arrecadar um real de cada habitante santiaguense. Os beneficiários não poderiam
ser mais merecedores de nossa solidariedade: os idosos que vivem no Asilo Santa
Isabel.
Depois
de dois meses de execução da campanha, as urnas foram recolhidas para a
contagem do dinheiro arrecadado. A princípio, pensava-se que as doações acima
de um real compensariam as abstenções, que haveriam por conta dos motivos
seguintes: desconhecimento da campanha, dificuldade para acessar uma urna,
indiferença, livre decisão de não colaborar, desconfiança...
Os
três últimos requerem uma atenção especial, uma vez que não são
autojustificáveis.
A
indiferença, para alguns estudiosos do comportamento humano, constitui a
verdadeira antípoda do amor. Ela passa a caracterizar o novo modo de existência
determinado pelo individualismo radical. A pessoa indiferente não ouviu sobre a
campanha e tampouco viu urna coletora em algum lugar, embora não faltasse
oportunidade para tal. Ela não tomou conhecimento simplesmente.
Outros
tomaram conhecimento e decidiram que não colaborariam por um motivo pessoal,
sem racionalização. Essa atitude, perante o bem auspiciado pela campanha,
decorre de um mau uso da liberdade.
Uma
das racionalizações consiste na desconfiança que o todo arrecadado não seria
utilizado na restauração do asilo. Essa desconfiança é uma das consequências
éticas da corrupção que se torna cultural no Brasil, não excluindo os governos
em todos os âmbitos da administração pública.
As doações acima de
um real não foram suficientes para compensar as abstenções. O arrecadado mal
ultrapassou a metade de cinquenta mil, numa demonstração inequívoca de que o espírito solidário não é uma característica da nossa sociedade.
P.S.: E 99% de nossa sociedade são cristãos (católico ou evangélico) e espíritas, que têm na filantropia (caridade) um dos dogmas mais religiosamente corretos.
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