segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

CAMPANHA SANTIAGO SOLIDÁRIO

A campanha Santiago Solidário propunha arrecadar um real de cada habitante santiaguense. Os beneficiários não poderiam ser mais merecedores de nossa solidariedade: os idosos que vivem no Asilo Santa Isabel.
Depois de dois meses de execução da campanha, as urnas foram recolhidas para a contagem do dinheiro arrecadado. A princípio, pensava-se que as doações acima de um real compensariam as abstenções, que haveriam por conta dos motivos seguintes: desconhecimento da campanha, dificuldade para acessar uma urna, indiferença, livre decisão de não colaborar, desconfiança...
Os três últimos requerem uma atenção especial, uma vez que não são autojustificáveis.
A indiferença, para alguns estudiosos do comportamento humano, constitui a verdadeira antípoda do amor. Ela passa a caracterizar o novo modo de existência determinado pelo individualismo radical. A pessoa indiferente não ouviu sobre a campanha e tampouco viu urna coletora em algum lugar, embora não faltasse oportunidade para tal. Ela não tomou conhecimento simplesmente.
Outros tomaram conhecimento e decidiram que não colaborariam por um motivo pessoal, sem racionalização. Essa atitude, perante o bem auspiciado pela campanha, decorre de um mau uso da liberdade.
Uma das racionalizações consiste na desconfiança que o todo arrecadado não seria utilizado na restauração do asilo. Essa desconfiança é uma das consequências éticas da corrupção que se torna cultural no Brasil, não excluindo os governos em todos os âmbitos da administração pública.
As doações acima de um real não foram suficientes para compensar as abstenções. O arrecadado mal ultrapassou a metade de cinquenta mil, numa demonstração inequívoca de que o espírito solidário não é uma característica da nossa sociedade.
P.S.: E 99% de nossa sociedade são cristãos (católico ou evangélico) e espíritas, que têm na filantropia (caridade) um dos dogmas mais religiosamente corretos.

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