O corte do pinus
às margens da BR 287 tem uma única justificativa: ampliar a área
de escape da rodovia. Escape do quê? Para quê? Escape dos veículos
que saem fora da pista de rodagem, para permitir-lhes (isto é, a
seus condutores) maior espaço de manobra. O estudo do DNIT concluirá
pelo corte das árvores, as quais representam um obstáculo perigoso
(para os veículos acidentados por um motivo qualquer). A ordem para
plantá-las, diga-se de passagem, partiu de algum órgão que se
encontra na genealogia do DNIT. Assim a contradição se instituiria
a partir do governo - planta-se e corta-se -, tendo suscitado, no
âmbito da sociedade santiaguense, uma grande polêmica em torno do
assunto. De um lado, junta-se ao argumento da ampliação da área
de escape o de que "o pinus não é uma árvore nativa",
portanto, nada contra cortá-lo. Isso negaria o milenar esforço do
homem em domesticar as plantas, transmudar e melhorar suas espécies.
De outro lado, os argumentos são quantitativa e qualitativamente
superiores. Sem o pinus, continuará o barranco de pedra ou o
despenhadeiro (dentro da área de escape). Mais ou menos distante da
rodovia, outras árvores continuarão a realizar a fotossíntese. Os
condutores de veículos, por sua vez, continuarão a desobedecer às
regras do trânsito, principalmente a da velocidade máxima
permitida, não apenas correndo o risco de acidente, como o causando
de uma forma efetiva, fatal. Minha posição é contrária ao corte
do pinus, coerente com o que penso sobre a responsabilidade no
trânsito, a qual cabe ao sujeito da ação de dirigir - o homem.
Mesmo em pequena parte, a transferência da responsabilidade para o
automóvel, para a via, para as árvores, para os animais, para os
outros é que constitui a essência do problema.
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