Vocês
viram o Fuleco, o mascote da Copa, por aí? Ninguém vê o Fuleco nos estádios,
ninguém fala nele. Por que será? A desculpa, acaso, recai sobre seu nome
artificial, esquisito, criado com a sílaba “fu” (de futebol) e o antepositivo “eco”
(de ecologia)? O “l” é uma mera consoante de ligação. “Fuleco” assemelha-se a “fuleiro”,
“que ou aquele que age irresponsavelmente, sem seriedade”, “que ou o que não
tem valor, que é medíocre, reles” (de acordo com Houaiss). O elemento “eco” acaba
sendo identificado ao sufixo diminutivo e pejorativo, como em “jornaleco”.
Todavia, não é a uma questão linguística que se deve o sumiço do Fuleco. A
Associação Caatinga, responsável pela criação e administração do mascote, achou
pouco os 300 mil dólares oferecidos pela FIFA. A ONG pensava em um milhão para
cima. Dessa forma, as negociações foram encerradas, acabando com o que mal
começara (ou começara mal?). O animal que serviu de modelo ao Fuleco, o
tatu-bola, continua sendo caçado na caatinga, onde corre risco (óbvio) de
extinção. Os primeiros fulecos infláveis ficaram prontos em 2013, como modelos
experimentais. Em Porto Alegre, foram atacados e murchos pelos manifestantes
que protestavam contra os gastos da Copa. Em Rio de Janeiro, os modelos foram
transformados em embalagem de maconha e cocaína, e “Fuleco” virou “Fumeco”.
Menos grave é o caso da “brazuca”, a bola da Adidas usada na Copa. Ainda que
sua presença seja indispensável para os jogos, seu nome de fantasia não se
popularizou como a Jabulani (África do Sul). Nada poético, pela quase totalidade
de seus fonemas, o nome “brazuca” remete a uma arma (denotativa ou
conotativamente). Os dois, Fuleco e Brazuca, foram escolhidos por uma votação
de milhões de brasileiros, que tinham apenas três opções. Como nas próximas
eleições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário