Há
alguns anos, sou assinante do Zero Hora. O jornal é muito bom no fim
de semana, com o caderno Cultura, crônicas, editoriais e artigos de
opinião. Essa leitura é fundamental, na medida em que quero me
manter atualizado em diversos assuntos. Por enquanto, o impresso
resiste ao domínio açambarcador do âmbito digital. Infelizmente,
nos últimos meses, não consigo ler o jornal de sábado. Toda vez
que desço a escada de cinquenta degraus para buscá-lo na entrada do
edifício, não o encontro mais. Como a porta não abre do lado de
fora, um dos oito condôminos, ao sair para a rua, apropria-se
indebitamente do jornal que pertence a mim, único assinante na
Pinheiro Machado, nº
2231. Já afixei um pedido no quadro de aviso, dentro de um
procedimento urbano, educado. Não houve efeito positivo. No sábado
passado, aguardei o toque do interfone (acionado pelo entregador), às
6:50h, para descer em menos de um minuto. Ao girar a chave da porta
de saída do apartamento, ouvi o mesmo clique ocorrendo num
apartamento do 1º
andar. Ao chegar no térreo, o jornal havia desaparecido. Saí à
rua, onde não vi ninguém, à exceção de uma senhora que
ultrapassara a esquina do Banco do Brasil. Fui atrás dela, para
perguntar-lhe se não vira alguém saindo do prédio. Não a reconheci como moradora do Dom Manuel. Diante da
negativa, voltei muito chateado ao apartamento, no 3º
andar. A mulher surrupiara o jornal, guardando-o na bolsa de couro
que levava consigo? O clique ouvido do 1º
andar não era de uma porta se abrindo, mas fechando? Neste caso, meu
vizinho/minha vizinha já esperava a chegada do jornal? Um mistério
sherloquiano, cujo raciocínio para desvendá-lo é abdutivo, parte
da conclusão conhecida para a descoberta da premissa anterior.
P.S.: O clique ouvido no 1º
andar reduz para três os suspeitos de levar meu jornal.
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