Sou de um tipo de leitor que mais de uma vez se perguntou se vale a pena continuar lendo livros e livros. Há pouco, ao iniciar a leitura de Ensaios sobre o conceito de cultura, de Zygmunt Bauman, formulei a pergunta avassaladora: para que ler? Toda a leitura que fiz desde a adolescência teve (ou tem) algum efeito, alguma vantagem depois de quatro décadas? Pragmaticamente, apresento uma facilidade e uma correção para me expressar na escrita (sobre uma gama bastante diversificada de assuntos). Essas qualidades, todavia, não são indispensáveis para que novos escritores surjam da noite para o dia, sem a condição de leitores experientes. Alguns deles logo se destacam com intuição e criatividade capazes de compensar uma possível deficiência técnica. Paulo Coelho, sobremaneira nas primeiras obras, serve de exemplo. Quais as outras benesses que me propiciou a leitura diuturna além de escrever bem? Prazer pelo prazer? Conhecimento pelo conhecimento? Um e outro, quando não compartilhados, levam ao isolamento, à angústia. Independentemente do gênero que se produza, a escrita constitui a salvação. Por isso continuo a ler depois das crises autocontemplativas, pequenas e esporádicas.
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