Os poetas românticos fugiam do presente, idealizando sobre a infância, a mulher amada, a morte. A vida presente era um incômodo, tema que faria Carlos Drummond de Andrade, um modernista, o maior poeta brasileiro. Hoje compreendo o que esses poetas sentiam em relação a realidade. A poesia, como arte de elaborar um texto refinado, tornou-se a própria fuga para mim. Este blog é a prova. Nos últimos dias, ele reflete meu estado de espírito, no qual se inclui um enojamento de coisas que contextualizam meu estar no mundo. Elas são demasiadamente feias (destituídas de qualquer consideração estética), açambarcadoras (contra as quais apenas se evidencia o sujeito impotente). Meu irmão veio de Brasília ontem, dizendo-me que o Brasil está quebrando, com a dívida interna duplicando nos últimos dez anos. As pessoas no alto escalão dos três poderes são mais sujas do que é noticiado, do que podemos imaginar. Política, meio ambiente, consumismo... Em tudo vejo corrupção, hipocrisia, contradição, ignorância. A poesia pertence a outra esfera, onde ainda há uma possibilidade de salvação.
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