A paixão que mais envolve os santiaguenses não é o futebol, não é o rodeio, não é a poesia, não é mesmo. A história do município, ainda não registrada com a imparcialidade que requer o cientificismo, revela o que realmente anima o espírito de nossos cidadãos: a política. Essa paixão se evidencia na época em que acontecem eleições, principalmente para prefeito e vereadores. Por influência da bipolarização na política gaúcha do passado, que levou a revoluções sangrentas, fratricidas, aqui também se pegou em armas, disparando-as, inclusive, como ocorreu no ano de 1936, na Vila Florida. Ainda que evoluísse da bala para a palavra, atualmente, os pleitos municipais são marcados por um embate que vai da dialética ao bate-boca num instante (dificilmente, no sentido contrário). Em Santiago, felizmente, não involuímos da palavra para o ato corruptível, caracterizado pela compra de apoio e venda de cargo, prática que ficou conhecida como “mensalão” em âmbito nacional. A paixão pela política local é fortemente determinada pelos antípodas Partido Progressista – demais partidos. De um lado, o pepismo açambarcante, imbatível, e de outro, o frentismo desarticulado, nunca passando de uma idealização. Paixões menores, expressas pelos líderes oposicionistas, impedem a coalizão. Ninguém abre mão de seu interesse pessoal mais premente, qual seja, o de representar ele próprio a frente. Com a popularização dos blogues, fenômeno midiático dos últimos anos, o discurso apaixonado se antecipa à campanha eleitoral, eivando o hipertexto com o que há de mais abjeto. Como pressuposto desse sentimento generalizado, reconhece-se o pouco amadurecimento psico-emocional daqueles que o extravasam com facilidade espantosa.
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