domingo, 15 de janeiro de 2012

FREUD E EU

Leio no ensaio Dostoievski y el parricidio, de Freud, que o parricídio é o crime primordial tanto da humanidade como do indivíduo. (O parricídio seria a principal fonte do sentimento de culpa.) Penso na mitologia hebraico-cristã, cuja história começa com um ato de desobediência, seguido de um fratricídio. Ela negaria a concepção freudiana? Não. O parricídio ocorreria mais tarde, quando Jesus Cristo, fiel representante do Pai celestial foi crucificado. Sem esse sacrifício, o sentimento de culpa não seria suficientemente forte para a fixação dos preceitos cristãos. Por isso o cristianismo se tornou dominante, excedendo o próprio judaísmo (que estagnou nas velhas leis não instituídas pelo sangue, sofrimento e morte). A cruz é o símbolo do parricídio representativo, em cuja sombra se desenvolveu a civilização ocidental. 

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