terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BIG BROTHER


Enunciado nº 1: Big Brother é literatura. 
Enunciado nº 2: Quem assiste ao Big Brother é analfabeto funcional.
Estranhamente, não há contradição entre os dois enunciados, uma vez que se referem a objetos distintos. No primeiro, trata-se de um personagem do romance antiutópico 1984, de George Orwell. No segundo, trata-se do reality show da TV Globo, hoje em sua 12ª edição.
Em relação ao enunciado nº 1, muita coisa poderia ser escrita, correndo-se o risco de repetir uma das análises feitas desde 1949, ano de lançamento da obra orwelliana. Em síntese, 1984 é um alerta para os extremos da política totalitária que se vislumbrava, principalmente, para as doutrinas marxistas-leninistas.
A tese é esboçada no enunciado nº 2.
O telespectador que vê (e paga para ver) cenas libidinosas mais ou menos encobertas pelo edredom tem o perfil muito parecido com quem assiste às telenovelas. À mãe que viu Fina Estampa juntam-se o pai (que vira o Jornal Nacional) e os filhos adolescentes (que estiveram conectados à rede). O Big Brother, isso é inegável, consegue trazer toda a família para o sofá. Esse novo totem, a televisão, numa função exatamente oposta à cultuada pelas sociedades primitivas, nega a moral vigente, detonando com os últimos tabus relacionados à sexualidade humana.
Salvo exceções, quem vê tv não lê (o que vê, inclusive). Leitura de texto impresso (livro, revista, jornal etc.) e eletrônico (hipertexto). Por que não lê? Na prática, ver televisão ocupa um tempo precioso na vida do indivíduo, que deixa de ser destinado à leitura. Na teoria, o leitor, que mereça ser assim denominado, desenvolve a criticidade minimamente indispensável para superar a videotia.
Em cada casa deste país, há um, dois ou três televisores. Estante com livros é uma raridade. Dessa forma...

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