DECEPCIONANTE o Guia dos 50 livros mais interessantes da história. Sua autora, Priscila Gorzoni, agrava ainda mais esse título com o aposto Uma seleção das obras de ficção que marcaram e mudaram os rumos da humanidade. Quanta importância!
Bem feito para mim, que não aprendi com Os cem melhores poetas brasileiros do século, elaborado pelo jornalista José Nêumanne Pinto. Neste livro, editado em 2004 (a qual século se referiu?), a decepção não se origina dos nomes elencados, mas dos textos que identifica cada poeta.
O guia dos 50 livros, também de uma jornalista, faz a seguinte seleção: As mil e uma noites, Os lusíadas, Dom Quixote, Robinson Crusoé, As viagens de Gulliver, Cândido ou o otimismo, Werther, Os devaneios do caminhante solitário, Walden, O chamado selvagem, Frankenstein, Eugénie Grandet, O nariz, Oliver Twist, A queda da casa de Usher, Os três mosqueteiros, A moreninha, Jane Eyre, O morro dos ventos uivantes, A moradora de Wildfell Hall, Moby Dick, Madame Bovary, Os miseráveis, Alice, Viagem ao centro da Terra, Crime e Castigo, Guerra e paz, As aventuras de Huckleberry Finn, A taberna, A ilha do tesouro, Memórias póstumas de Brás Cubas, O retrato de Dorian Gray, Aventura inéditas de Sherlock Holmes, A máquina do tempo, Drácula, O coração das trevas, Os embaixadores, A mãe, O retrato do artista quando jovem, O processo, Mrs. Dalloway, O assassinato de Roger Ackroyd, Um nenhum e cem mil, Macunaíma, O quinze, Nas montanhas da loucura e A náusea.
Dessa relação, muita coisa pode ser criticada negativamente, inclusive por um leitor que não entenda bulhufas de literatura. A primeira conclusão a que chegaria esse leitor hipotético: 8% dos livros que "marcaram e mudaram os rumos da humanidade" são brasileiros, obviamente, um percentual muito elevado. Diga-se de passagem, mesma proporção da Rússia. Um pouco de conhecimento, e outro leitor se espantaria com a inclusão de A moreninha, romance romântico de Joaquim Manuel de Macedo, ficando de fora os infinitamente superiores Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, e A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Qualquer romance de Graciliano Ramos é melhor que O quinze, de Raquel de Queirós. Mais leitura, e o leitor estranharia a inexistência dos latino-americanos, entre os quais, J.L.Borges, Julio Cortázar, García Márquez, Alejo Carpentier, Miguel Ángel Asturias, Augusto Roas Basto, Juan Carlos Onetti, José María Arguedas, Mario Vargas Llosa, Juan Rulfo, Carlos Fuentes, entre outros. Da América do Norte, nada de William Faulkner e Ernest Hemingway.
Da Europa, ficaram de fora Aldous Huxley, George Orwell, Marcel Proust, Albert Camus, José Saramago, Hermann Hesse, Laurence Sterne, Umberto Eco, para citar os mais conhecidos.
Minha Biblioteca Ideal (já postada neste blog), modéstia à parte, é incomparavelmente superior a esse Guia dos 50 livros. Assim que passar as descargas elétricas, reedito minha biblioteca.
Um comentário:
Todo guia, cartilha e coisas do gênero são idiotas. Ótimo teu comentário.
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