(Texto de Erilaine Perez)
Três lances de escadas. Isso é tudo o que precisamos vencer para empreender uma viagem fascinante. Bilhete comprado, o flutuar promete a mesma sensação enigmática do panorama visto através das vítreas claraboias. Sim! Jamais esqueceremos o prazer das descobertas do percurso carregado de simbologia. O destino desse cruzeiro histórico são ilhas ancestrais. A guia, carinhosamente batizada “Memória”, testemunha ocular de tempos passados, orienta a visão de cada coisa para se fazer entender por nós, os que viemos depois. Fala da religião que maculou a inocência dos primeiros habitantes, roubando-lhes a identidade. Das ruas de terra marcadas por rodas de carroça. De batalhas empreendidas a ferro e fogo, de heróis decapitados e da paz estabelecida pela caneta tinteiro e pelo papel. Conta dos laços tramados pelo trabalho e pela amizade entre homem e cavalo. Dos aparelhos que cunharam moedas que compravam tudo, até a liberdade. Dos escravos que esculpiram altares para rogar por igualdade. Lembra de intelectuais que pensaram máquinas para eternizar em letras suas angústias e ideais. E das lindas canções tocadas ao som de um pandeiro de prata. Dos empreendedores que trouxeram o computador para facilitar o dia a dia do trabalho. E dos desenhistas, poetas, médicos, políticos e tantos outros que, pelo seu fazer, deixaram algo para que nos lembrássemos de um tempo que transformou este em que vivemos. Muitos já aceitaram o convite, venceram as escadas, compraram o bilhete, empreenderam a viagem. Mas esse barco, chamado Museu Pedro Palmeiro, continua a nossa espera, ancorado no porto da Cidade Educadora e está sempre pronto para realizar a travessia, que só acontece nas profundezas dos nossos olhos, nascente do mar das Memórias da Terra dos Poetas.
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