terça-feira, 17 de maio de 2011

PROCESSOS, MEC, BRUZUNDANGA

Logo após seu nascimento, o indivíduo começa a andar. A princípio, arrastando-se; em seguida, engatinhando; depois, ficando em pé com dificuldade sempre decrescente até evoluir para o próximo passo. Logo passa a caminhar naturalmente. Da mesma forma,  ele aprende a falar. A princípio, balbuciando repetidos fonemas (ma-ma, pa-pa). Em seguida, pronuncia as primeiras palavras, por imitação. A aprendizagem da fala, todavia, difere enormemente da anterior. Andar é um processo fechado, instintivo, natural.  O peixe nada, o pássaro voa, o homem caminha. Tem início e fim ainda nos primeiros anos de vida. Em relação à língua, ainda que Noam Chomsky atribua uma disposição inata para seu domínio, o indivíduo nunca chega ao final do processo, que é aberto, dependente da cultura. Ninguém consegue dominar o universo lexical de sua língua, apenas uma pequena e sempre variável parcela dele. Ninguém se expressa cem por cento com correção, até porque a fala visa à comunicação imediata entre os indivíduos, e ela ocorre independentemente da extensão do universo léxico e do acerto gramatical. Do balbucio à eloquência, o diálogo, a interação comunicativa acaba existindo entre os indivíduos. Aberto e inacabado é também o processo de aprendizagem da expressão gráfica da língua, embora seja determinado um padrão minimamente aceitável: o culto. 
O que faz o Ministério da Educação na Bruzundanga? Confunde os dois processos de aprendizagem acima descritos, transferindo a coloquialidade (ou frouxidade) da fala para a escrita. Abandona um ideal secular, que busca o contínuo aperfeiçoamento (não a perfeição). Com essa política, cede à realidade e nivela por baixo. É nesse patamar (por baixo) que se situa a qualidade da educação neste país.
Pelo visto, os modernos (socio)linguistas ganham  um aliado de peso na “briga” contra os velhos e bem-intencionados gramáticos. Infelizmente, o professor Eugênio Gastaldo deverá se aposentar logo (antes de sofrer mais dissabores com a nova “babel” sendo oficializada). 

Um comentário:

luciano disse...

Boa tarde Brasil!

Desculpem-me mas tem um grande mau entendido nesta história toda. O livro se refere as diversas situações dialetais e variantes linguísticas da nossa sociedade de língua portuguesa.
Para quem vai cursar vestibulares ou concursos públicos deve ficar atento e se informar melhor sobre situações como esta, pois o livro não está errado, ele está correto. Cuidado com a Mídia tendenciosa.

O que realmente vale a pena discutir, para melhoria da educação no Brasil são:

O baixo salário dos professores, que já nem valorizam a própria profissão devido a merreca que ganham.
A falta de manutençãos das escolas.
A segurança dos professores e alunos que são constantemente ameaçados.

O que a mídia está discutindo é a velha briga entre GRAMATICISTAS Vs LINGUISTAS. Que não leva a lugar nenhum!

Abraços