sexta-feira, 13 de maio de 2011

EDUCAÇÃO COM OS IDOSOS

Os pais nos ensinavam o respeito pelas pessoas mais velhas. Respeito que começava com o tratamento discursivo e se ampliava com os gestos (entre os quais, ceder a cadeira e a vez para se servir à mesa). O que eles nos ensinavam se sustentava no próprio temperamento, caráter ou personalidade de que eram dotados. O resultado dessa educação era óbvio: crescíamos sem criticar, zombar ou discriminar alguém por ser idoso. Toda crítica, zombaria ou discriminação, eles sabiam, contrariava uma lógica vivencial que o indivíduo mais jovem desconhece ou finge desconhecer: o envelhecimento é natural e extensivo a todos os que vivem. A longevidade é sempre desejável (apesar das complicações físicas ou psíquicas que podem aparecer no final). As exceções morrem na infância ou na juventude. Essa morte antes do tempo é tida como uma coisa pouco feliz, trágica sob muitos aspectos. Nesse aspecto, os mais velhos devem ser felicitados por usufruir o bem maior - a vida. Mas não é o que se pode observar nos mais jovens. Cada vez mais, eles se portam de maneira desrespeitosa, zombeteira e (algumas vezes) discriminatória em relação às cãs brancas. No âmbito familiar, pais e avós já não gozam daquela autoridade consensual, inquestionável até há pouco tempo. Noutros âmbitos, então, a simples desobediência se transforma em anarquia, deboche e (algumas vezes) agressão verbal. No trânsito, a culpabilização dos motoristas idosos é uma regra impiedosa. Não apenas na rua, no submundo da educação, mas nas escolas (incluindo a Universidade, onde se formam futuros educadores). Nas discussões mais acaloradas, por exemplo, é comum o aluno chamar o professor de “velho”, seguido de outros termos que não deixam dúvidas sobre a intenção pejorativa. A culpa pela má educação de que eles não se envergonham também deve recair sobre nós, pais, que não os ensinamos com a mesma seriedade e convicção de nossos ascendentes. 

Nenhum comentário: