Em sua coluna do Zero Hora, Antonio Augusto Fagundes sai "em defesa das Cavalgadas do Mar". Um desastre o arrazoado desse renomado tradicionalista, eivado de preconceitos (entre os quais o especista). Segundo ele, a "já tradicional cavalgada" é a realização de um sonho de seus amigos, como um ex-prefeito de Capão da Canoa. O que há de preconceituoso? Considerar o tempo da vida de um indivíduo, a do próprio Nico Fagundes, como suficiente para constituir uma tradição. Ao participar das primeiras edições da cavalgada, escreve o colunista que "os dejetos dos cavalos eram absorvidos pela areia e varridos pelas ondas do mar". Este preconceito, de que a água lava tudo, é responsável pela poluição dos rios, lagos, mares... Mais adiante, "um simples cavalo de campo [...] suporta sem esforço 130 kg no lombo". Aqui começa a se expressar o preconceito especista, contra o qual se manifestou uma ONG de defesa dos animais. Cavalo nenhum existe para transportar 130 kg por 200 km, ao longo de uma semana extremamente quente. Eis a verdade. No penúltimo parágrafo, Nico Fagundes apela para um chavão discursivo: "Ninguém cuida melhor o seu cavalo que o gaúcho". Também preconceito. Qual o gaúcho? Certamente, não os que se compunham a última Cavalgada do Mar (cerca de 3 mil). Esse povo não demonstrou os cuidados de gaúchos reais, menos fantasiados. A propósito, quais são os gaúchos autênticos de nossos dias? Transcrevo o encerramento da coluna, uma pérola do preconceito (numérico): "Em 3 mil cavalos e no começo da marcha (o que significa um imprevisto) morreram dois cavalos. É uma pena mas a percentagem é ínfima". Não morreu a maioria dos cavalos, está "loco de bueno". Esse preconceito se ampara noutro ainda pior: os fins justificam os meios. Todos os argumentos usados pelo colunista em favor do evento à beira-mar, todavia, são contraponteados por uma citação apenas que ele mesmo faz de Paixão Cortes. O respeitável folclorista não veria muito sentido nessa cavalgada Isso basta para subjetivar (condenar) a opinião de Antonio Augusto Fagundes.
2 comentários:
Olá Froilam!
Concordo com você no teu comentário de ser contrário ao texto e opinião da coluna do Nico Fagundes, em Zero Hora, por todos os motivos que alegaste em teu comentário. Mas principalmente por ser um grande admirador dos cavalos, que também tenho e participo em rodeios, cavalgadas e demais eventos. Vivo no interior do estado, e realmente conheço muito poucos gaúchos autênticos, entre eles o meu pai, hoje com 77 anos. Mas a verdade é, vemos hoje em rodeios, desfiles farroupilhas e cavalgadas, A MAIORIA dos cavalos sem a mínima condição de ser montados, muito menos, participar em cavalgadas com trajetos longos e exaustivos. Infelizmente, as pessoas que montam animais neste estado, não têm a mínima ideia de que seja os cuidados com um animal tão espetacular quanto o cavalo.
Jacques
Ótimo, Froilam, texto perfeitamente argumentado. Não li a coluna do senhor Fagundes, mas nem é necessário para perceber os absurdos que ele proferiu. Certamente, deves enviar este teu texto para que ele o leia.
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