Em 1969, passei a acompanhar o futebol pela Rádio Guaíba (a melhor rádio do mundo, antes da debandada para a RBS). Televisão, apenas na copa de 1974. Não sei explicar por que comecei a torcer pelo Grêmio. Talvez como reação aos meus primos, torcedores colorados mais chatos que conheci. Com a melhor de todas as copas do mundo, México, 1970, um segundo time me arrebatou: a Seleção Brasileira. Everaldo era o lateral esquerdo titular da Canarinho e do tricolor. O Internacional começou a brilhar na década de setenta, para meu sofrimento de adolescente apaixonado. Manga, Cláudio Duarte, Figueroa, Marinho Perez, Vacaria, Caçapava, Batista, Falcão, Carpeggiani, Valdomiro, Dario, Escurinho, Lula, entre outros. Essa equipe foi hexacampeã gaúcha em 1974, ganhando todas as partidas. Campeã brasileira em 1975, bicampeã em 1976 e tricampeã invicta em 1979. Os gremistas sofríamos todas as humilações. Depois do Inter, surgiu o Flamengo. Mesmo assim, ganhamos Libertadores e Mundial de Interclube no Japão. Fomos à forra. Apenas neste século, um colorado que não servia para limpar as chuteiras do grande time da década de setenta, inexplicavelmente, aos trancos e barrancos, ganhou na América e, com Fernandão, Gabiru e companhia limitada, bateu um Barcelona de salto alto. Lá se foi nossa vantagem, algo que nenhum gremista jamais imaginava suportar: o Inter também campeão do mundo. Ao longo das últimas décadas, todavia, o futebol foi sendo fagocitado pela sanha mercadológica que tiraria o brilho dos estádios brasileiros. Grêmio e Inter passaram a formar jogadores para vender, sempre atolados em dívidas. O resultado é o que estamos vendo nos últimos anos: os piores campeonatos gaúchos, com algumas surpresas vindas do interior. Com relação ao outro time do meu coração, a seleção, perdi quase por completo o encanto. O Dunga cometerá o mesmo erro de Coutinho em 1978, não convocando o melhor jogador em atividade no momento. Coutinho deixara o Falcão de fora; Dunga, o Ronaldinho. Será a pior copa em termos de qualidade. Muita mídia, muito dinheiro e pouco futebol. Digo mais: o Brasil não concluirá a tempo algumas das obras previstas para a copa de 2014. O governador do Rio de Janeiro cantou a pedra. Os brasileiros já internalizamos a cultura baseada na promessa, os políticos são a prova, e pecamos, em decorrência disso, por indolência e irresponsabilidade.
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