Por que a Igreja Católica se regozija na Sexta-feira Santa? A resposta é óbvia: os fiéis assumem um comportamento mais cristão, mais aparentemente religioso. Ela volta a usufruir de um poder que tinha ao longo da Idade Média, quando, por força da cruz, do sangue e do temor, regia a vida de milhões de pessoas. Em certas localidades semi-isoladas do interior, ainda se faz sentir a influência do catolicismo. Textos anteriores, publicados aqui e no Expresso Ilustrado, deram conta de como vivíamos a Sexta-feira Santa no Rincão dos Machado. Segmentos ortodoxos da igreja, independentemente de sua localização, conservam o costume de cobrir os santos com um pano roxo. Outro absurdo é a proibição de comer carne vermelha, negando o ensinamento do grande profeta transcrito em Mateus 15: 18-19, de que o mal é o que sai da boca do homem. Bispos e padres católicos professam a doutrina, inegavelmente um bem, mas alguns deles praticam a pedofilia ou a encobrem desde muito. Inclusive Joseph Ratzinger, antes de ser o papa Bento XVI. (Depois dessa descoberta, o presidente Lula está perdoado por não saber o que sabia.) A grande contradição não se evidencia entre o que sai e o que entra na boca do homem, mas entre fé e obra. Nesse aspecto, seguramente, não há cristão autêntico. O último deles, diria Nietzsche, morreu pregado numa cruz. Dessa forma, todo o ritual de relembrar a morte de Jesus é algo contraditório (para não dizer hipócrita). A Igreja, todavia, suspira saudosa em sua inexorável decadência.
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